MARCELO ODEBRECHT: ele tenta mostrar aos investigadores que tem mais a contar que seu concorrente Léo Pinheiro, da OAS / Germano Lüders
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2016 às 20h11.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h44.
Num dos áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ex-senador José Sarney comenta as delações que ainda estão por vir: “Odebrecht vem com uma metralhadora de ponto 100”. A ponto 50 corta aço como manteiga, e derruba aviões. A ponto 100, imaginária, pode derrubar o governo o interino, o governo passado, o governo futuro.
Segundo as conversas de Machado, a primeira na mira da metralhadora seria a ex-presidente Dilma Rousseff. Odebrecht poderia detalhar financiamentos ilícitos para as campanhas de 2010 e 2014. A metralhadora também pode mirar Lula e o caso do sítio em Atibaia e as palestras internacionais; Renan Calheiros, investigado por seis inquéritos da Lava-Jato por receber propinas; integrantes do PSDB, como Aécio Neves, citado diversas vezes em desvios em Furnas, e sabe-se lá mais quem no mundo de Brasília.
Além de a Odebrecht ser a maior empreiteira do país, com acesso a todos os níveis de governo, a tática da empresa, por muito tempo, foi se recusar a colaborar com a Lava-Jato. Somente em fevereiro deste ano, após sete comunicados criticando a operação, a empresa veio a público dizendo-se disposta a colaborar. Como outras empreiteiras delataram antes, os investigadores passam a querer fatos ainda mais cabeludos para aceitar a colaboração.
Marcelo Odebrecht, herdeiro da empresa, está preso há 11 meses. Foi condenado em março a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, e ainda é réu em outro processo. Ele prestou depoimentos no começo deste mês para adiantar o que poderia falar em uma delação – o acordo deve acontecer em breve. Segundo Machado, “não há quem resista a Odebrecht”. Vamos acompanhar.