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À CNN, Dilma afirma que "ditadura limita os sonhos"

"Quando jovem, lutei contra a ditadura e me orgulho disso", destacou presidente, lembrando que na época até mesmo greves e protestos eram vistos como ofensa


	Dilma Rousseff: em entrevista, a presidente também falou de corrupção, Copa e espionagem
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Dilma Rousseff: em entrevista, a presidente também falou de corrupção, Copa e espionagem (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2014 às 17h29.

São Paulo - A presidente Dilma Rousseff disse que nunca sonhou em ser presidente e que o abuso policial e a situação carcerária são dois dos grandes desafios do país.

Ela também falou sobre o período da ditadura e as torturas que sofreu na época. As declarações foram dadas em uma entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da rede norte-americana CNN.

Sobre o fato de ter sido torturada no período da ditadura militar, Dilma disse que é difícil viver sob um regime desses, que "limita os sonhos".

A presidente exemplificou que, na época, até mesmo greves e protestos eram vistos como ofensa ao regime. "Quando jovem, lutei contra a ditadura e me orgulho disso", destacou.

Sobre as torturas que sofreu, Dilma revelou que a única forma de tolerar os abusos físicos e psicológicos é enganando a si mesmo. "Não é fácil tolerar a tortura. Só dizendo pra você mesmo que você pode aguentar um pouco mais e um pouco mais", comentou.

Questionada sobre que tipo de tortura sofreu, Dilma disse que foi torturada como os outros brasileiros da época também eram e que o choque elétrico é a pior forma de tortura.

"Qualquer um que tenha praticado tortura perdeu sua humanidade", avaliou, destacando que os regimes que empregam esse tipo de opressão não se sustentam. "Nunca vi tortura que não destruiu o sistema que a empregava", ponderou.

Corrupção

A presidente afirmou que a corrupção é uma questão central a ser combatida no Brasil. Dilma disse que sua gestão a frente do país defende "tolerância zero" com atos de corrupção.

Dilma citou o Portal Transparência Brasil, que publica todos os gastos do governo federal em menos de 24 horas após os gastos terem sido realizados.

Ela destacou também o papel da Polícia Federal na investigação de crimes na administração pública. Segundo a presidente, 90% dos casos que são hoje levados ao conhecimento público partiram de investigações da PF.

A presidente afirmou ainda que atualmente, no Brasil, corruptos e corruptores respondem pelos crimes, o que é uma postura essencial, já que um não existe sem o outro.

Espionagem

Dilma também comentou o incidente diplomático envolvendo o Brasil e os Estados Unidos, quando foram reveladas práticas de espionagem por parte dos norte-americanos que tinham como alvo empresas e o governo brasileiros, inclusive ela própria.

A presidente brasileira isentou o colega norte-americano da responsabilidade sobre o caso. "Não acredito que a responsabilidade da espionagem seja da administração Obama", comentou.

Copa

Na entrevista à CNN, Dilma Rousseff afirmou não ter um conhecimento profundo de futebol, mas disse acreditar que a ausência dos jogadores Neymar e Thiago Silva teve efeito para a derrota por 7 a 1 contra a Alemanha na terça-feira, 8.

Ela reforçou, contudo, que apesar da derrota, o país vai saber superar.

Questionada sobre o que diria à chanceler alemã Angela Merkel, Dilma disse que lhe daria os parabéns pela vitória, pois a seleção alemã jogou muito bem.

A presidente ressaltou que o futebol é um esporte coletivo, de cooperação, e que nos educa a ter "fair play". "Não é uma guerra, é um jogo", disse Dilma.

A presidente reforçou também que o mundo inteiro deve reconhecer que o Brasil soube organizar e receber a Copa do Mundo, o que também é um mérito da hospitalidade dos brasileiros.

Sobre as críticas contra os gastos com o Mundial, Dilma comparou o gasto de cerca de R$ 8 bilhões, aproximadamente US$ 4 bilhões, para construir as arenas com o orçamento do período para saúde e educação.

"No mesmo período foram investidos R$ 1,7 trilhão - US$ 850 bilhões - em saúde e educação", defendeu.

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