Estratégia: governo pressionou partidos da base para que substituíssem os integrantes da CCJ que tendem a votar a favor da denúncia. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2017 às 06h51.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 08h07.
Começa nesta quarta-feira a fase de debates sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer que tramita na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A dúvida é quanto tempo demorará para que ela seja votada na comissão e chegue ao plenário. O governo quer que isso aconteça o mais rápido possível – e tem se articulado para isso -, mas a decisão, no momento, está nas mãos do presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que deu todos os sinais de que não tem a menor pressa.
Caso Pacheco decida seguir o trâmite normal, todos os 66 deputados titulares da comissão e os 66 suplentes terão direito a falar por até 15 minutos. Além disso, outros 40 deputados não-membros – 20 favoráveis e 20 contrários à denúncia – podem falar por até 10 minutos. No total, seriam mais de 40 horas. Isso inviabilizaria que o plenário apreciasse a admissibilidade da denúncia antes do recesso, que começa no próximo dia 18. A partir desta quinta, justamente pela proximidade do recesso, o número de parlamentares deve diminuir em Brasília.
Desde a semana passada, o governo adotou uma estratégia agressiva ao pressionar partidos da base para que substituíssem os integrantes da CCJ que tendem a votar a favor da denúncia. Foram 20 trocas em uma semana. Na noite de ontem, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, negou o pedido do deputado Delegado Waldir (PR-GO) para que ele fosse recolocado como titular da comissão. O parlamentar foi substituído pelo partido e alegou que houve interferência do Executivo no fato. Resta no Supremo outro pedido feito por parlamentares da oposição na tentativa de desfazer as mudanças.
De acordo com o portal G1, Temer tem pressionado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para que a denúncia seja votada até sexta. Maia disse, em entrevista no Salão Verde da Câmara, que o tema precisa ser avaliado rapidamente e que o país “não pode esperar” até agosto para saber a decisão dos deputados. Na semana passada, no entanto, interlocutores confirmaram a EXAME Hoje que Maia afirmou que não iria suspender o recesso. Como são necessários que ao menos 342 deputados estejam presentes, o recesso pode atrapalhar os planos do governo. Neste caso, o tempo é inimigo de Temer.