A interlocutores, Raimundo Lira reclama da influência de Sarney na disputa pelo comando da CCJ
Marcelo Ribeiro
Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 11h08.
Brasília - Abatido, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) desistiu de ser membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Com isso, acabou o impasse dentro do PMDB sobre quem indicar para a presidência do colegiado e o partido ficou livre para indicar Edison Lobão (PMDB-MA) para comandar da comissão.
Apoiado informalmente pelo novo presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE), Lira enfrentou um concorrente que teve a candidatura defendida por nomes importantes do Velho PMDB. Aliado do ex-presidente José Sarney (PMDB-MA), Lobão contou com o apoio não oficial do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao anunciar que desistiu de fazer parte do colegiado, Lira destacou que sua decisão foi determinada por ”interferências externas" na indicação do adversário para o cargo. O senador paraibano negou que as intervenções viessem do Palácio do Planalto. Indagado sobre se havia feito referência a uma possível atuação de Sarney, também citado na Lava Jato e aliado de Lobão, ele respondeu: "Não sou eu quem está dizendo".
Nos bastidores, porém, Lira tem afirmado que parlamentares relataram a ele que o ex-presidente Sarney ligou para pelo menos três senadores pedindo votos para Lobão. Diante da movimentação, o senador paraibano decidiu sair da disputa, pois sabia que sairia derrotado em uma eventual votação na bancada peemedebista do Senado.
Além disso, Lira abriu mão de ser indicado como membro da comissão para não lançar candidatura avulsa, o que representaria um desprestígio ao líder do PMDB na Casa. A EXAME.com, o parlamentar disse que quis evitar novas divergências dentro da legenda.
“A chance é zero de eu deixar o PMDB após esse impasse sobre o comando da CCJ. A decisão de deixar a disputa foi pessoal e uma questão de bom senso da minha parte, um comportamento que jamais viria do outro lado”, afirmou Lira.