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8 supostas revelações do escândalo da Petrobras

Os jornais Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo tiveram acesso aos depoimentos em que Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa detalham o esquema de pagamento de propina na Petrobras


	Esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobas é estimado em R$ 10 bilhões pela PF
 (Acordo salgado)

Esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobas é estimado em R$ 10 bilhões pela PF (Acordo salgado)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 17h35.

São Paulo - Depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, dados nesta quarta-feira à Justiça Federal vazaram na tarde de hoje.

Os jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo tiveram acesso à gravação dos depoimentos que fazem parte do acordo de delação premiada. 

Youssef e Costa são investigados por envolvimento em sistema de pagamento de propina na Petrobras estimado em 10 bilhões de reais. O esquema foi descoberto pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato deflagrada em março deste ano. 

Veja a seguir as principais revelações trazidas nos depoimentos de Youssef e Costa, segundo os jornais. Ao final, veja as notas do PT, Petrobras e Transpetro a respeito das acusações feitas.

1) Lula teria sido "obrigado" a nomear Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras

Segundo o depoimento do doleiro Alberto Youssef obtido pelo Estadão, os políticos envolvidos com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, teriam pressionado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nomeá-lo para o cargo.

Para isso, eles teriam trancado a pauta do Congresso por 90 dias, de acordo com o jornal. O ex-presidente cedeu e nomeou Costa. 

2) PT ficaria com 3% dos contratos da Petrobras

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras teria afirmado que o PT ficava com 3% do valor dos contratos das diretorias de produção, gás e energia, além da área de serviços, de acordo com o jornal. 

Segundo a Folha, Costa teria dito que o PT recebia 2% dos 3% cobrados sobre o valor das obras de maior tamanho. Outro 1% era destinado ao PP, partido que o indicou para o cargo na estatal. 

3) Tesoureiro do PT seria responsável por entregar as propinas no partido

João Vaccari, tesoureiro do PT, teria sido apontado por Costa como o responsável por distribuir a propina no partido, segundo a publicação. 

4) 13 empreiteiras teriam participado do esquemas

Youssef teria listado 13 construtoras que participariam de um "cartel" formado para fraudar as licitações da Petrobras e pagar propina a políticos do PT, PMDB e PP.

Seriam elas: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Engevix, Tomé Engenharia, Jaraguá Equipamentos e Engesa. Todas negam o envolvimento. 

Segundo ele, todas pagariam 1% de propina nos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento. Nos termos aditivos de contratos, a taxa variaria entre 2% e 5%.

Costa também teria apontado os nomes dos executivos das empreiteiras que teriam participado dos esquemas na Petrobras. Segundo ele, o dinheiro iria das empresas direto para os agentes políticos. 

5) PT, PMDB e PP recebiam propinas

Costa também teria afirmado que a propina era repassada ao PMDB já que a diretoria internacional da estatal era indicada pelo partido. Segundo o depoimento, Fernando Soares era quem fazia a articulação. 

6) Todas as diretorias participariam do esquema

Paulo Roberto Costa teria revelado que outras diretorias da estatal também tinham esquema com as empreiteiras. Segundo a Folha, Costa afirmou que nas diretorias com indicações do PT — que segundo ele seriam as de Exploração e Produção, Gás e Energia e a de Serviços— os 3% eram repassados para o partido.

7) Como funcionava a distribuição

Segundo Youssef, 1% de todos os contratos da diretoria de Abastecimento eram distribuídos em propina: 30% para Paulo Roberto Costa, 60% para políticos, 5% para o doleiro e 5% para João Claudio Genu (ex-assessor do PP). 

8) Transpetro também estaria envolvida

 A Transpetro, subsidiária da Petrobras, também teria pagado propina a Paulo Roberto Costa. Segundo ele, o presidente da estatal, Sérgio Machado, teria dado a ele 500 mil reais em dinheiro vivo. 

Veja a seguir as notas do PT, Petrobras e da Transpetro sobre às denúncias:

- Nota do PT:

"O PT repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa, proferidas em audiência perante o mesmo juiz que, anteriormente, acolhera seu depoimento, sob sigilo de Justiça, no curso de um processo de delação premiada.

O PT desmente a totalidade das ilações de que o partido teria recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras.

Todas as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral.

A Direção Nacional do PT estranha a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas.
Lamentamos que estejam sendo valorizadas as palavras do investigado, em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada.

A Direção Nacional do PT, por intermédio de seus advogados, analisa a adoção de medidas judiciais cabíveis.

Rui Falcão

Presidente Nacional do PT"

- Nota da Petrobras:

"Em relação às matérias publicadas hoje nos veículos de comunicação, repercutindo os depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do Sr. Alberto Youssef na 13ª Vara Federal do Paraná, na ação relacionada à “Operação Lava Jato” da Polícia Federal, a Petrobras informa que vem acompanhando as investigações e colaborando efetivamente com os trabalhos das autoridades públicas.

A Petrobras reforça, ainda, que está sendo oficialmente reconhecida por tais autoridades como vítima nesse processo de apuração.
Por fim, a Petrobras reitera enfaticamente que manterá seu empenho em continuar colaborando com as autoridades para a elucidação dos fatos."

- Nota da Transpetro

“O presidente da Transpetro, Sergio Machado, nega com veemência as afirmações feitas a seu respeito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As acusações são mentirosas e absurdas.

Machado faz questão de ressaltar o seu estranhamento com o fato de que as declarações estejam sendo divulgadas em pleno processo eleitoral.

Machado jamais foi processado em decorrência de qualquer dos seus atos ao longo de 30 anos de vida pública. E tomará todas as providências cabíveis, inclusive judiciais, para defender a sua honra e a imagem da Transpetro.”

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