Brasil

7 respostas sobre o novo ensino médio apresentado por Temer

Inspirado em modelos adotados em países como Coreia do Sul e Austrália, o "novo ensino médio" pretende focar na capacitação dos estudantes segundo áreas de interesse

Enem: exame começa a ser aplicado às 13h30, no horário de Brasília (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Enem: exame começa a ser aplicado às 13h30, no horário de Brasília (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 23 de setembro de 2016 às 11h50.

São Paulo - A maior mudança da educação brasileira desde a criação da Lei de Diretrizes e Bases em 1996: é dessa maneira que a reforma no ensino médio apresentada hoje pelo presidente Michel Temer está sendo encarada. O novo modelo, que entra em vigor a partir de amanhã, prevê uma flexibilização do currículo nessa etapa de ensino e incentiva a expansão do ensino integral no Brasil. 

Inspirado em modelos adotados em países como Coreia do Sul e Austrália, o "novo ensino médio" pretende focar na capacitação dos estudantes em suas áreas de interesse — em uma proposta semelhante aos ensinos clássico e científico que pautou o ensino secundário no país durante as décadas de 40 e 60, fato lembrado na coletiva de imprensa hoje pelo presidente Michel Temer que, aos 75 anos, disse ter cursado esse tipo de estudo. 

"Esse novo ensino médio baseia-se em modelos já testados e aprovados em países avançados. Há mais de 1,5 milhão de jovens excluídos da escola e do mercado de trabalho", afirmou o presidente Michel Temer durante solenidade de assinatura da MP.

Segundo o ministro da Educação, Mendonça de Barros, o foco da medida é dar flexibilidade aos estudantes e autonomia para os estados, que devem definir o próprio currículo para o ensino médio a partir de uma base comum. 

De acordo com o texto da MP, o ensino de artes, educação física, filosofia e sociologia deixa de ser obrigatório no ensino médio. O Ministério da Educação nega essa intenção. Entenda abaixo. 

Qual será a carga horária? 

Com a nova proposta, o ensino médio no Brasil passar das atuais 800 horas aula por ano para 1.400 horas/ano — o que exigiria turno integral. No entanto, segundo o ministro da Educação, nem todas as escolas precisarão necessariamente seguir esse modelo.

“O princípio é flexibilidade e autonomia federativa para que cada estado possa gerenciar sua própria rede a partir de uma base única nacional mas com percursos a partir da realidade local”, disse o ministro Mendonça Barros durante coletiva de imprensa nesta tarde.

Quais serão as disciplinas?

Durante todo o primeiro ano e metade do segundo, os estudantes serão expostos ao contedúdo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No ano e meio seguinte, porém, os alunos seguirão as trilhas formativas, com ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciência humanas e formação técnica profissional.

Segundo o Ministério da Educação, a formação técnica profissional "vai ocorrer dentro do programa regular, sem a necessidade de o aluno estar cursando o período integral".

As disciplinas de português e matemática serão obrigatórias nos três anos de ensino médio. O ensino da língua inglesa passa a ser obrigatório a partir do sexto ano.

O texto da medida editada hoje prevê a obrigatoriedade do ensino de artes e educação física apenas nas etapas da educação básica — o que leva a concluir que tais disciplinas serão opcionais no ensino médio. O mesmo acontece com as disciplinas de filosofia e sociologia, cujo trecho que versa sobre isso na Lei de Diretrizes e Bases foi excluído no texto da MP.

Durante coletiva de imprensa, o secretário de educação básica, Rosseli Soares da Silva, negou a mudança. Segundo ele, essas disciplinas devem fazer parte da base nacional comum. "Tudo o que constar na base nacional será obrigatório. A diferença é que quando coloca as ênfases, só colocamos os alunos que têm interesse em seguir naquelas áreas", diz.

A MP prevê também que que, ao entrar na universidade, os alunos poderão aproveitar créditos de disciplinas cursadas no ensino médio e cujo conteúdo seja similar ao oferecido na graduação. Isso depende de regulamentação das faculdades.

Todas as escolas serão em tempo integral? 

Esse é um dos pontos que ainda não estão claros na proposta, mas é possível inferir que não. Segundo a apresentação do ministro, a meta é que as escolas de ensino médio em tempo integral representem 5% da rede. No mínimo, serão oito e no máximo 30 escolas por estado nesse formato com recursos do governo federal.

De acordo com o ministro da Educação, as escolas que têm ensino médio noturno não serão afetadas, imediatamente, pela medida. “A estrutura legal permite os dois sistemas e abre a oportunidade para que o novo modelo possa ampliar a presença do escopo da educação de nível médio no Brasil”, disse Mendonça de Barros.

O que muda na formação dos professores? 

A Lei de Diretrizes e Bases exigia que os professores fossem formados em áreas pedagógicas. A MP assinada hoje permite que as escolas contratem “profissionais de notório saber” para dar aulas sobre temas “afins a sua formação”. 

Quando o novo sistema passa a vigorar?

A medida provisória passa a entrar em vigor a partir de amanhã e vale por até 120 dias, mas precisa de aval do Congresso Nacional para transformação definitiva de lei.

De acordo com a secretária-executiva da pasta, Maria Helena Castro,  o objetivo é ter uma base nacional comum até meados do próximo ano. Mas os estados que quiserem adotar o novo modelo poderão fazer isso já no início de 2017. “A nova legislação começa a vigorar a partir de amanhã e cria as condições para que os estados comecem a se preparar para essa transição”, diz o ministro.

De onde virão os recursos? 

A maior parte dos recursos para a implantação de escolas em tempo integral será oriundo dos cofres federais. De acordo com o ministro da Educação, o governo investirá 1,5 bilhão de reais durante os próximos dois anos para esse propósito. Cada escola convertida para o ensino integral receberá 2 mil reais por aluno por ano como medida de incentivo. 

MP Novo Ensino Médio Comentada by Talita Abrantes on Scribd

https://www.scribd.com/embeds/324958519/content?start_page=1&view_mode=scroll&access_key=key-RYcNIKg4K8sg7vbzQeit&show_recommendations=true

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoEnsino médio

Mais de Brasil

Sexto voo de repatriação do Sexto voo de repatriação do Líbano chega com 212 passageiros

Campanha de Boulos cancela caminhadas com Lula por chuvas em SP

Bairros de São Paulo voltam a ter falta de energia mesmo com chuva fraca

Chuvas fortes se deslocam de São Paulo para Minas Gerais e Rio de Janeiro