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1. Uma terra de contrastes
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1/9 (Marcelo Camargo/ABr)
São Paulo - Com mais de 200 milhões de habitantes e diversos processos de evolução histórica, as diferenças sociais, culturais, políticas e econômicas entre os estados brasileiros se tornam ainda mais evidentes quando colocamos em perspectiva os dados socioeconômicos locais. “O país é muito grande e por isso se desenvolveu com grandes discrepâncias econômicas”, afirma o professor Antonio Porto Gonçalves, da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EPGE). Mas as disparidades não se refletem apenas na participação de cada unidade da Federação no Produto Interno Bruto (
PIB) do país, elas também aparecem na falta de
saneamento básico grave de algumas regiões, na
Educação defasada de outras e assim por diante. De acordo com os especialistas consultados por EXAME.com, as discrepâncias estão presentes em todas as áreas e se influenciam de maneira mútua. Veja uma coletânea de gráficos que prova isso.
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2. PIB
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2/9 (Arquivo/Agência Brasil)
Sozinha, a região Sudeste responde por mais da metade (55,3%) do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em contrapartida, os estados da região norte entram com apenas 5,5% do total, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com números de 2013 - o mais recente sobre o assunto. São Paulo é o estado com maior participação (32,1%), com PIB de R$ 1,7 trilhões. Em último vêm Acre (R$ 11,4 bilhões) e Roraima (R$ 9 bilhões), com 0,2% cada. Essa diferença é histórica, de acordo com Carlos Roberto Azzoni, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Segundo ele, a economia brasileira está centrada no Sudeste desde 1940, quando o setor industrial se desenvolveu nessa região, principalmente em São Paulo em detrimento de outros locais. O especialista explica que a vinda de imigrantes para o Sudeste e a cultura do café, que demandava produção textil para as sacas do produto, são os motivos para o desenvolvimento nessa região, bem como a industrialização na virada do século 19 para o 20. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a crise de 1929 também favoreceram o mercado interno, pois os preços no exterior ficaram caros. Desde então, outras regiões brasileiras se desenvolveram, mas o Sudeste não deixou de exercer maior influência sobre a economia do país. O Brasil vive hoje um processo de desindustrialização e a região segue essa tendência. “O setor terciário representa quase 70% do PIB nacional, e o Sudeste é mais forte em serviços do que na indústria”, diz Azzoni.
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3. Renda per capita domiciliar por mês
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3/9 (Thinkstock)
A população das regiões norte e nordeste padeceram com as piores rendas per capita do país em 2014, segundo levantamento divulgado pelo IBGE. Nesses lugares, a renda mensal per capita domiciliar ficou abaixo de R$ 1 mil, sendo a maior de Roraima (R$ 871) e a menor do Maranhão (R$ 461). No centro-oeste, o Distrito Federal se destaca com uma renda mensal domiciliar de R$ 2.055; no Sudeste, São Paulo fica em primeiro lugar com R$ 1.432 e os gaúchos lideram o sul com renda domiciliar de R$ 1.318 por mês.
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4. Professores lecionam em área diferente da formação
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4/9 (Marcos Santos/USP Imagens)
Metade dos professores de Ensino Médio das escolas públicas do Tocantins lecionam em área diferente daquela em que se formou. É o maior percentual da região Norte (50,5%) de acordo com o resultado de uma avaliação feita pela coordenação de pesquisas do Cenpec (Centro de Pesquisas e Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitária) com dados do Inep, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa. Porém, na mesma região, o Pará tem apenas 16,8% de docentes nessa condição. No Sudeste, todos os estados ficam entre 21% e 28% de professores dando aula fora da formação acadêmica e no sul eles chegam até 30%. No centro-oeste, os extremos são Goiás (42,29%) e Distrito Federal (13,60%). No Nordeste, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Maranhão também têm quase metade de docentes atuando fora da área em que se formou. O coordenador de pesquisas do Cenpec, Antonio Augusto Gomes Batista, aponta dois fatores para as diferenças regionais nesse quesito: baixa oferta dos cursos de formação de professores no norte e nordeste e desvalorização da carreira de magistério em todo o país. O primeiro fator traz consigo a necessidade de licenciatura em áreas como matemática, física e química, que resulta no segundo problema e se relaciona com o mercado de trabalho. “O déficit de professores em áreas mais específicas se dá, principalmente, porque são áreas em que as pessoas preferem fazer só o bacharelado, e o mercado absorve essas pessoas pela carreira de mais prestígio e com melhores benefícios econômicos do que na escola, onde o profissional é mais desvalorizado”, diz. Sobre as divergências entre as unidades da mesma região, Antonio diz que “as políticas educacionais dos estados não têm sido suficientes nem valorizam o magistério” a fim de que se possa melhorar a situação.
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5. Saneamento básico
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5/9 (Valter Campanato/ABr)
No Brasil, 93,1% da população urbana tem acesso à água encanada. Desse total, apenas 57,6% possui atendimento de esgoto. Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em fevereiro com referência para o ano de 2014. A meta do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) é de que o país alcance 93% do atendimento de esgoto até 2033. Mas essa realidade está longe de se materializar. Para se ter uma ideia, só cerca de 10% das cidades da região Norte que possuem abastecimento de água têm rede de esgoto. O cenário é um pouco melhor no Nordeste, onde 89,5% das áreas urbanas são atendidas com água, das quais 31,1% recebe serviço de esgoto. Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, atribui essas diferenças ao empenho das autoridades políticas em cada estado e região do Brasil. “Houve um descuido com a parte sanitária das cidades em relação às outras infraestruturas como energia elétrica, telecomunicações e internet. Não é uma questão de estado pobre ou rico, mas de importância que se dá ao saneamento, mesmo sabendo que essa é parte importante para a qualidade de vida da população”, avalia. No Sudeste, em que 96,8% dos municípios urbanos são atendidos com rede de água, quase todos possuem serviço de esgoto (83,2%). Já no sul, a relação de atendimento urbano entre água e esgoto é muito baixa apenas para Santa Catarina, onde 96,4% da população é atendida com água, mas nem 20% dela recebe serviço de esgoto. “É fundamental a participação da população nessa discussão. Nós aprendemos a ficar sem saneamento, não choca muito conviver com rio poluído, então a gente acaba não dando a devida importância e não cobrando as devidas soluções”, afirma Édison Carlos.
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6. Leitos por mil habitantes
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6/9 (Jean-Sebastien Evrard/AFP)
O Brasil está abaixo do número ideal de leitos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média do país é de 2,3 leitos por mil habitantes, enquanto a OMS recomenda de 3 a 5 leitos. Ao comparar a razão brasileira por região, o sul fica em primeiro lugar com 2,7 leitos para cada mil habitantes e em último está o norte com 1,8 leitos. Dos estados, apenas 8 estão acima da média brasileira, incluindo o Piauí, único do nordeste que disponibiliza cerca de 2,5 leitos para cada mil pessoas. Veja a lista:
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7. Desenvolvimento Humano
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7/9 (Divulgação/Embratur)
O Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) de 2010 mostra que metade do país está com índice médio (0,600-0,699) - em sua maioria, estados que pertencem às regiões Norte e Nordeste. A outra metade tem um índice considerado alto (0,700-0,799) e é composta pelas demais regiões mais dois estados do norte: Roraima com 0,707 e Amapá com 0,708. A exceção é o Distrito Federal, que aparece com 0,824 (muito alto). O IDHM é calculado pela média geométrica dos IDHM de longevidade, educação e renda e deriva das informações dos três últimos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – 1991, 2000 e 2010 –, de acordo com a malha municipal de 2010.
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8. Partidos com mais prefeitos eleitos
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8/9 (Elza Fiúza/ABr)
Nas eleições de 2012, o PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no Brasil, exceto na região sudeste, onde predominaram candidatos do PSDB. O menor contingente foi do PSOL, com um prefeito eleito no Amapá e outro no Rio de Janeiro. No Acre, o PT e o PSDB empatam com 27,7% das prefeituras cada um e o mesmo acontece no Amapá, onde ficam iguais o PT e o PSB com 18,7%.
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9. Veja, agora, quem tem que encarar longas viagens todos os dias
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9/9 (Mario Tama/Getty Images)