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7 especialistas apresentam soluções para os grandes problemas brasileiros

Educação, saúde, produtividade, previdência, infraestrutura, segurança e impostos foram discutidos na série de entrevistas “Brasil: ponto de partida?”

O Brasil avançou, mas segue com desafios monumentais (Bruno Kelly/Reuters)

O Brasil avançou, mas segue com desafios monumentais (Bruno Kelly/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 16 de dezembro de 2018 às 08h00.

São Paulo – Os problemas brasileiros foram discutidos na série “Brasil: ponto de partida?”, parceria da plataforma UM BRASIL, uma iniciativa da Fecomercio SP, com o Centro de Liderança Pública (CLP) e antecipada com exclusividade para EXAME.

A série é parte do Projeto Visão Brasil 2030, idealizado em 2013 e que tem como objetivo pensar soluções para o país em áreas prioritárias.

Para falar sobre o sistema tributário, foi chamado Bernard Appy, um dos maiores especialistas do país no tema.

Economista e diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCF), ex-secretário de Política Econômica e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, ele classificou o sistema brasileiro como ineficiente, injusto e incompreensível.

“Quando discutimos tributação é comum haver conflitos como distribuição de renda e eficiência econômica. Nosso sistema é tão ruim, que é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, diz Appy, que defende a implementação de um imposto único sobre valor agregado (IVA).

Veja a entrevista completa de Bernard Appy:

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Marcelo Caetano, secretário da Previdência do governo de Michel Temer, falou sobre a necessidade de uma reforma previdenciária no Brasil. "A agenda previdenciária é prioritária e independe de uma questão partidária ou preferência política. É uma questão de Estado e de nação".

No caso da Previdência, a raiz do problema brasileiro é que as pessoas vivem cada vez mais e tem cada vez menos filhos. Em uma regime de repartição, isso significa cada vez menos contribuintes sustentando cada vez mais beneficiários recebendo aposentadoria por mais tempo.

O risco é que o país acabe chegando a uma estrutura demográfica europeia mas com uma renda média, e os exemplos de Portugal e Grécia servem de alerta que mesmo lá a conta não fecha.

Em suma: o tempo para fazer uma reforma preventiva está passando, e uma reforma futura terá que ser mais radical para compensar o atraso.

Veja a entrevista completa de Marcelo Caetano:

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Sobre educação, quem fala é Cláudia Costin, que já foi diretora sênior para educação no Banco Mundial, ministra da Administração Pública e Reforma Estadual, secretária municipal da Educação do Rio de Janeiro e secretária estadual da Cultura em São Paulo..

Ela acredita que é preciso pensar em educação com excelência e equidade, ao mesmo tempo, e que avançar passa por superar mitos como o da volta ao passado, quando teoricamente estava tudo resolvido:

“A escola pública de qualidade em que a minha geração estudou atendia a somente 40% das crianças. Esses estudantes eram filhos das elites, na maioria. Educar esse público é diferente de educar a todos”, afirma.

Veja a entrevista completa de Cláudia Costin:

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A série também discutiu o sistema de saúde brasileiro. Para Patrícia Ellen, presidente da Optum no Brasil, empresa especializada em serviços e inovação de saúde, e professora do Centro de Liderança Pública (CLP), a saúde está em desequilíbrio há alguns anos.

De um lado está a demanda de atendimento que a população necessita dos órgãos públicos e privados. Do outro, a falta de recursos financeiros, um dos grandes problemas.

A especialista diz que a resposta para lidar com as falhas estruturais da saúde brasileira está em quatro pilares: assistência básica ampla, tecnologia, gestão eficiente e formação dos profissionais unida com educação da sociedade.

Veja a entrevista completa de Patrícia Ellen:

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Já a infraestrutura brasileira foi debatida com Paul Procee, líder para infraestrutura do Banco Mundial no Brasil.

O investimento do Brasil em infraestrutura é de aproximadamente 2% do PIB desde os anos 1990, muito abaixo de economias emergentes grandes como a Índia e a China, que investem entre 4% e 7% do PIB no setor.

Ele aponta falta de dinheiro, planejamento e transparência, mas também vê saídas, e elas não passam por esquecer de questões ambientais e sociais para atrair o capital privado.

“O Brasil é um país com grandes recursos naturais e investidores de fora sabem disso muito bem, e até o setor privado que vem para cá não quer ser visto lá fora como alguém que vai criar maiores problemas ambientais”, diz ele.

Veja a entrevista completa de Paul Procee:

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Otaviano Canuto, que até o mês passado era diretor do Banco Mundial, abordou a questão do gasto público e a necessidade de reformas.

“O Brasil está acometido por uma espécie de doença de anemia de produtividade e obesidade do setor público”, diz Canuto.

Seu diagnóstico é que o inchaço do Estado partiu de demandas legítimas, mas privilégios foram mantidos (ou até ampliados) e programas sociais se multiplicaram sem uma avaliação de custo-benefício, com uma importante exceção: o Bolsa Família.

Ele classifica a emenda do teto de gastos como uma “camisa de força” para um paciente que não controla seu apetite e vê margem para reformas estruturais que não prejudiquem os mais pobres.

Veja a entrevista completa de Otaviano Canuto:

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A segurança pública foi discutida por Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, a solução para os problemas de segurança pública passa por unir e coordenar ações hoje dispersas entre os poderes Judiciário, Executivo e Legislativo.

“Para fazer isso os próximos governantes têm que focar em algumas causas que são transparência, financiamento (gastar melhor o dinheiro), território (segurança pública é uma questão local) e a formação e valorização dos nossos policiais. Se fizerem isso, conseguirão vencer o problema”, afirma.

Segundo Lima, não há uma coordenação central para ações de segurança. Um exemplo é o sistema prisional: o presídio é de responsabilidade de estados e do governo federal, quem determina a pena daquele preso é o Judiciário e quem define quais são as penas é o Legislativo.

Veja a entrevista completa de Renato Sérgio Lima:

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