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7 dúvidas sobre zika que você provavelmente buscou no Google

Com o que já se sabe sobre o vírus, respondemos algumas das perguntas mais feitas sobre a epidemia no buscador

Surto de zika: Sueli Maria segura sua filha Milena, que tem microcefalia, em um hospital em Recife (REUTERS / Ueslei Marcelino)

Surto de zika: Sueli Maria segura sua filha Milena, que tem microcefalia, em um hospital em Recife (REUTERS / Ueslei Marcelino)

Raphael Martins

Raphael Martins

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h31.

Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 16h10.

São Paulo – Mesmo com registros na literatura médica desde os anos 1940, foi apenas de cinco meses para cá que o zika vírus despertou o interesse do mundo pela associação com o surto de microcefalia no Brasil.

Enquanto as informações oficiais ainda estão desencontradas — já que os estudos sobre o vírus ainda são incipientes —, os brasileiros recorrem à internet para saber o que fazer.

O interesse é tanto que, nos últimos 90 dias, as pesquisas de habitantes do país sobre o zika vírus e seus efeitos cresceram 33%, segundo dados fornecidos pelo Google.

Destas pesquisas, a empresa disponibilizou a EXAME.com as 15 principais dúvidas que os brasileiros vasculham na rede sobre o zika. Selecionamos as sete melhores — e que tenham algum conhecimento clínico ou científico que pudesse responder.

Em entrevista a EXAME.com, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, admite que muitas das perguntas básicas sobre o vírus ainda não têm resposta e só através delas será possível combater o problema de forma eficaz. A lista com as respostas possíveis, ao menos estimadas pelos especialistas hoje, conta com ajuda do supervisor do Pronto Socorro do Hospital Emílio Ribas, Ralcyon Texeira.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1 – Quanto tempo duram os sintomas da zika?

Os efeitos mais comuns do zika vírus no corpo são febres intermitentes e moderadas, vermelhidão nos olhos por conjuntivite, dores no corpo e articulações, além das características manchas vermelhas na pele.

Segundo o Ministério da Saúde, de 3 a 7 dias, em média, o paciente já se sente espontaneamente melhor.

A grande dificuldade de estudar a abrangência do zika no brasileiro se dá porque, em 80% dos casos, os sintomas são tão brandos que a doença passa quase despercebida.

2 – Quanto tempo o zika vírus fica no corpo?

O exame de sangue é mais eficaz nos cinco primeiros dias de sintomas da febre causada pelo vírus.

Segundo Ralcyon Texeira, do Emílio Ribas, é possível encontrar vestígios do zika na urina em 10 dias. No esperma, que é a mais nova confirmação de transmissão, ainda não se sabe

“Os estudos ainda precisam avançar para determinar ao certo”, afirma o médico. “No caso do ebola, só com algum tempo se soube que o corpo excretava vírus por muito mais tempo que o esperado, causando avanço da epidemia.”

3 – O zika virus é contagioso?

Foi comprovado no último dia 3, que o zika vírus é transmissível por contato sexual desprotegido, por presença no esperma. Os Estados Unidos, através do serviço de saúde de Dallas, no Texas, divulgaram o registro com o caso de uma pessoa infectada após se relacionar com alguém que voltava da Venezuela.

Por conta da confirmação de transmissão sexual, o governo brasileiro abriu uma nova linha de investigação sobre contágio. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro Edinho Silva admite que há a possibilidade de transmissão também pela saliva.

“Por relação sexual ou saliva será difícil constatar no Brasil, por conta da alta presença do mosquito como vetor”, diz Texeira. “Por morar no mesmo lugar que tem outro tipo de disseminação por perto, nossa maior preocupação deve ser mesmo com as picadas.”

A presença na urina provavelmente não é problema, pois seria necessária uma elevada carga viral para contágio, mesmo com ingestão acidental. Pela pele, não há transmissão.

* Hoje (5), depois da publicação da reportagem, a Fiocruz confirmou o potencial de transmissão de zika por saliva e urina. Leia mais aqui.

4 – O zika vírus é mais grave em crianças?

“Na verdade, não há nada comprovado. Em crianças pequenas e idosos, essa família de vírus pode causar eventos mais sérios que em adultos, como febre, comprometimento do fígado, etc.”, diz o médico do Emílio Ribas.

Texeira destaca que é completamente falso o boato que corre na internet sobre a possibilidade de crianças já nascidas, e até os 7 anos de idade, contraírem microcefalia se infectadas com o zika vírus.

“Não haverá qualquer tipo de má-formação”, diz. “Isso é completamente falso.”

5 – Quem teve zika pode ter novamente?

Segundo Texeira, esse fator carece de confirmação científica, mas tudo indica que não. Ao contrário da dengue, que tem quatro diferentes subtipos, o zika vírus tem apenas um.

“O anticorpo deixaria imunizado por toda a vida, como acontece com doenças como caxumba e sarampo, por exemplo.”

6 – Quem já teve zika pode engravidar?

Este é mais um tópico que precisa ser aprofundado com pesquisas, mas tendo por base a família de vírus a qual o zika pertence, é possível engravidar sem problemas depois de a mulher se recuperar plenamente da doença.

Para ter garantia científica, ainda é necessário saber quanto do vírus é necessário para desencadear casos de microcefalia e quanto tempo essa quantidade leva para sair do corpo da paciente.

7 – Quem teve zika pode doar sangue?

Como a pergunta anterior, é preciso saber o tempo de permanência do zika no corpo, mas a priori Texeira não vê problema.

“Ainda não há nenhuma portaria que defina o período exato, mas logo deve sair algo nesse sentido”, afirma. “Com o que já se conhece do vírus, a previsão é que um bom intervalo entre doença e doação seja de ao menos três meses.”

A OMS, porém, recomendou, por agora, que seja restringida a doação de pessoas expostas ou vulneráveis. Vale especialmente para as que viajaram a locais afetados pela disseminação de zika, mas moram em países sem propagação espontânea.

“Com o risco de novas infeções pelo vírus zika em diversos países e a possível ligação entre o vírus e a microcefalia, além de outras consequências clínicas, restringir as doações de sangue por parte daqueles que regressam de regiões onde há a epidemia é uma medida de precaução adequada”, disse a OMS.

O QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE LER PARA ENTENDER O SURTO

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