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7 de Setembro: entenda o feriado do Dia da Independência do Brasil

Data histórica marcou o rompimento entre Brasil e Portugal há 203 anos

Quadro de Pedro Américo foi finalizado em 1888 e está exposto no museu do Ipiranga, em São Paulo

Quadro de Pedro Américo foi finalizado em 1888 e está exposto no museu do Ipiranga, em São Paulo

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de setembro de 2025 às 12h20.

O Dia da Independência do Brasil é comemorado em 7 de setembro. A data tem sido marcada por manifestações populares em todo o país. O feriado, que em 2025 caiu em um domingo, é considerado um dos momentos mais importantes na história do Brasil.

Há duas versões principais sobre a proclamação da independência brasileira em relação a Portugal, no fatídico 7 de setembro de 1822.

A primeira delas é a mais corrente e narra como o príncipe regente do Brasil, Dom Pedro I, se revoltou com as famosas cartas de José Bonifácio e da princesa Maria Leopoldina. Os documentos informavam que Lisboa determinara o fim da autonomia política do Brasil e que Pedro fora destituído da posição de regente.

O príncipe, então, teria sacado a espada, dado o famoso “Grito do Ipiranga” e proclamado a desvinculação entre os países, cercado por cavaleiros da guarda real.

A cena se eternizou com a famosa pintura Independência ou Morte, de Pedro Américo, finalizada em 1888. Na obra monumental, de 4,15 metros de altura e 7,20 metros de largura, Dom Pedro está vestido de gala e montado em um imponente cavalo marrom.

Já a outra versão, considerada mais séria e precisa, apresenta um relato curioso do mesmo evento. Há 203 anos, Dom Pedro estaria deixando a capital da época, o Rio de Janeiro, rumo a São Paulo. O objetivo do monarca era resolver disputas familiares de outra personagem importante da memória brasileira, o ministro José Bonifácio.

Diferentemente da pintura de Américo, o monarca vestia roupa de tropeiro e não cavalgava um corcel, mas uma mula — menos glamourosa, porém muito mais adaptada para viagens longas.

Antes de chegar à província vizinha, entretanto, o príncipe teria parado na cidade de Santos para comer. A refeição não caiu bem e ele sofreu com um mal estar terrível no caminho.

Durante várias paradas nos matagais da Serra do Mar para aliviar o desconforto, Dom Pedro teria recebido as mensagens da corte portuguesa, conversado com os poucos conselheiros que o acompanhavam e refletido por alguns minutos. Até que, para o espanto de todos, bradou: “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal.”

O que aconteceu em 7 de setembro de 1822?

Segundo o historiador Alberto Aggio, a famosa pintura exposta no Museu do Ipiranga, em São Paulo, não é inverídica. Trata-se de uma versão idealizada e romântica de um fato que realmente aconteceu e teve consequências imensas.

Para o especialista, o tom épico com que Américo pintou a obra faz parte da tentativa de criação de uma identidade nacional, que até aquele momento não existia.

“A partir daí, desencadeiam-se vários processos de ruptura real, com batalhas e revoltas em vários lugares do país, que se resumem no reconhecimento da independência”, afirmou.

Ele lembra que o brado da independência não foi um evento isolado, mas a culminação de um longo período de pressão das elites locais contra a coroa.

Entre 1800 e 1822, os grupos dominantes vinham se descontentando com o governo da família Orleans e Bragança. Além de influenciar a política indiretamente, esses fazendeiros financiaram revoltas populares que contaram com a participação de mulheres, crianças e até escravizados.

As principais batalhas contra o poder dominante ficaram conhecidas como a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798).

Depois de 1822, a soberania do Brasil recém-independente ainda não estava consolidada. A coroa portuguesa tentava reverter o rompimento com o Brasil e promoveu repressões violentas.

As elites locais, então, aliaram-se novamente para fortalecer algumas das revoltas mais famosas contra o Rio de Janeiro, como a Cabanagem (1835), no Pará; a Sabinada (1837), na Bahia; a Balaiada (1838), no Maranhão; a Revolta Farroupilha (1835), no Rio Grande do Sul; e a Praieira (1848), em Pernambuco.

Apesar dos conflitos, a independência do Brasil foi, de fato, pacífica em relação à vizinhança na América Latina e mesmo aos EUA. “Foi uma série de conflitos que ajudou, paralelamente, a estabelecer um novo poder que mantinha propriedades e a escravidão”, exemplifica Aggio.

As rebeliões populares, entretanto, geraram um problema novo: a unidade do país. O professor explica que todas as revoltas foram suprimidas e que, graças a isso, o território brasileiro manteve-se coeso.

“O 7 de setembro tem que ser compreendido como uma independência negociada, em que a política entre as elites brasileiras e a família real portuguesa acabou selando um destino para o país”, observa o historiador.

Na América Espanhola, por exemplo, o rompimento dos colonos com a monarquia europeia foi muito mais truculento e violento, o que fez com que o território se fragmentasse em vários países.

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