São Paulo – Se o temor da maioria dos brasileiros virar realidade, o Brasil vai passar vergonha na Copa do Mundo de 2014.

Levantamento da GfK, a quarta maior empresa de pesquisa do Brasil e do mundo, realizada a pedido de EXAME.com mostra que 68% da população acredita que a infraestrutura do país não estará pronta até o início do maior torneio de futebol do mundo, em 2014 (veja tabelas abaixo e nas próximas páginas).

“Como isso (o tema Copa do Mundo) ainda não faz parte do dia a dia das pessoas, a gente tem muita influência da mídia, que vem registrando fatos negativos em relação ao andamento das obras”, diz Antonio Perrella, diretor de relacionamento com o cliente da GfK.

O pessimismo é maior entre as classes A e B e entre os moradores das regiões Sul e Sudeste. Embora o Nordeste possua o maior índice de confiança, em nenhuma região do país os otimistas superam os pessimistas (clique aqui para ver infográfico).

Perrella avalia que o resultado reflete uma característica predominante nos nordestinos que, até mesmo por questões de fé, acreditam mais que as coisas vão dar certo. “A gente sempre percebe que o pessoal um pouco mais pessimista se dá principalmente no Sul e no Sudeste, cuja população tem mais acesso a informação.”

Fonte: GfK

Obras estarão prontas até a Copa?	Total	Classes A/B	Classes C/D	Norte+CO	Nordeste	Sudeste	Sul
Não	68%	70%	65%	67%	60%	69%	72%
Sim	32%	30%	35%	33%	40%	31%	28%

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A percepção de que os preparativos seguem atrasados está distribuída de forma quase uniforme por todas as faixas etárias. Quando o estudo separa as respostas por sexo, é possível observar uma visão um pouco mais negativa entre as mulheres (71% das brasileiras acham que as obras não estarão prontas em 2014 ante 63% dos homens).

“Em se tratando de futebol, talvez o universo masculino se sinta mais qualificado para esse debate por vivenciar mais o tema. Talvez o público feminino se deixe influenciar mais por essa negatividade retratada pela mídia”, avalia o diretor da GfK.

Os pesquisadores também perguntaram aos brasileiros sobre quatro áreas específicas (estádios, aeroportos, hotéis e transporte público), que integram a infraestrutura necessária para a Copa do Mundo (veja tabelas abaixo e na próxima página).

O único setor que goza da confiança da maior parte da população é o hoteleiro. Na avaliação de 56% dos entrevistados, os turistas não terão problemas com acomodações.

Embora haja muita polêmica sobre o custo elevado para a construção e reforma dos estádios, esse item não lidera a lista de preocupações. “Transporte público e aeroportos estão no topo porque a população já vivencia isso no dia a dia e fica imaginando como será o serviço quando houver um fluxo maior de passageiros”, diz Perrella.

Fonte: GfK

Obras estarão prontas até a Copa?	Transporte Público	Aeroportos	Estádios	Hotéis
Não	79%	67%	64%	40%
Sim	17%	28%	31%	56%
Não Sabe	5%	5%	5%	5%

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Na questão específica sobre o transporte público, Perrella acredita que as pessoas tendem a avaliá-lo negativamente. “Eu posso até ter um transporte público eficiente para o meu caminho para o trabalho. Será que ele (o tranporte) está preparado para me levar ao estádio? Esse tipo de dúvida alimenta um pessimismo enquanto não houver obras específicas para suprir as novas rotas que serão criadas na Copa.”

Quanto ao otimismo em relação ao hotéis, o diretor da GfK acredita que, independentemente da Copa, o setor já carrega uma imagem positiva. “O turismo no Brasil atende bem e tem para todos os gostos e bolsos.”

Os entrevistados também foram instados a opiniar sobre os responsáveis pelo sucesso ou fracasso da Copa do Mundo no Brasil. O governo federal lidera com 42% e a Fifa, com 24%, vem em segundo (veja tabela abaixo).

Antonio Perrella acredita que o fato de o ministro dos Esportes, Orlando Silva, ser o “porta-voz” desse tema acaba atraindo as atenções para governo federal. “Como é ele que aparece para falar tanto do bem quanto do mal, ele acaba trazendo esse peso para o governo federal. Quanto à Fifa, as pessoas percebem que há muitas exigências impostas para a realização da Copa “para que tudo esteja 100% do jeito dela.” “Se der errado, a culpa também é da Fifa na visão das pessoas.”

A pesquisa da GFK foi feita com mil pessoas, por telefone, em 12 regiões metropolitanas, seguindo o perfil da população brasileira (distribuição por faixa etária, renda, sexo e região geográfica).

Fonte: GfK

Quem será o responsável pelo sucesso ou fracasso da Copa no Brasil?	Total
Governo Federal	42%
Governos estaduais e municipais	17%
Fifa	24%
CBF (Confederação Brasileira de Futebol)	8%
Empresas/Iniciativa privada	10%