Chega de silêncio: mulheres sofrem com diversos tipos de violência, especialmente dentro de casa. Isoladas, não se sentem confortáveis para denunciar os crimes (iStock)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2015 às 13h33.
1 - Mulheres são assassinadas em casa
Entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios (mortes de mulheres por conflito de gênero). Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.
Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Com os homens, a situação é bem diferente: o número cai para 6%. Ou seja, a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a de homens assassinados por parceira.
No Brasil, entre 2001 a 2011, ocorreram mais de 50 mil feminicídios. São 5 mil por ano. Acredita-se que grande parte foram decorrentes de violência doméstica e familiar, uma vez que aproximadamente um terço das mortes aconteceram em casa.
2 - Agressões são comuns - e não param
Pesquisa do Senado brasileiro estima que mais de 13,5 milhões de mulheres já tenham sofrido algum tipo de agressão. Esse número equivale a 19% da população feminina com 16 anos ou mais.
Das que sofreram violência, 31% ainda precisam conviver com o agressor. E pior: das que convivem com o agressor, 14% continuam sofrendo violência.
Outra pesquisa mostra que 77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente. E 82,5% das mulheres relataram que elas são praticadas por homens com quem mantêm ou mantiveram algum vínculo afetivo.
3 - Mulheres jovens estão em relacionamentos violentos
Você acha que a violência está longe de você ou é coisa do passado? Pois saiba que 3 em cada 5 mulheres jovens, entre 16 e 24 anos, já sofreram violência em relacionamentos amorosos.
E, de cara, ninguém admite. A pesquisa mostrou que, embora apenas 8% das mulheres admitam espontaneamente já terem sofrido violência do parceiro, 66% das mulheres afirmaram ter sido alvo de alguma das ações citadas no questionário - entre as violências, constavam: xingar, empurrar, agredir com palavras, dar tapa, dar soco, impedir de sair de casa e obrigar a fazer sexo.
Para os homens, admitir a violência também é difícil. Só 4% dos rapazes reconhecem que já tiveram atitudes violentas contra parceiras - mas 55% dos homens declararam ter realizado tais práticas na pesquisa.
4 - Crianças sofrem junto com suas mães
Em levantamento realizado pela Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), ficou constatado que as crianças estão diretamente envolvidas nos casos de violência doméstica. Dentre as vítimas ouvidas em 2014, 80% tinham filhos. Só que 64,35% presenciaram a violência e 18,74% eram vítimas diretas junto com as mães.
5 - Quase todo mundo conhece uma vítima
É bem possível que você, que está lendo agora, também. 54% das pessoas conhecem uma mulher que já foi agredida e 56% conhecem um homem que já praticou agressão contra uma mulher.
6 - Uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil
Só em 2014, o Brasil teve pelo menos 47 mil estupros. Mas o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que podem ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil casos.
O problema na falta de conclusão sobre os dados é a subnotificação do crime. Existem dois cenários: o estudo "Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde", do Ipea, que aponta que apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia; o outro é um cenário internacional, em que apenas 35% das vítimas desse tipo de crime prestam queixa.
E elas estão isoladas: falta confiança na Justiça e na polícia. 52% das pessoas acham que juízes e policiais desqualificam o problema da violência contra a mulher.