EXAME Fórum Saúde: Claudio Lottenberg, presidente do United Health Group Brasil, abriu o evento (Germano Lüders/Exame)
Júlia Lewgoy
Publicado em 12 de setembro de 2018 às 11h20.
Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 12h41.
São Paulo - Independentemente do cenário político e econômico que se desenhe após as eleições, a área da saúde segue como um dos principais desafios do próximo presidente A falta de dinheiro está longe de ser o principal problema, segundo o presidente do UnitedHealth Group Brasil, Claudio Lottenberg.
O médico oftalmologista abriu o EXAME Fórum Saúde, evento realizado nesta quarta-feira (12), em São Paulo, para debater como recuperar a agenda da saúde no Brasil. A três semanas da eleição, o presidente do Conselho da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein e presidente do Instituto Coalização Saúde lembrou que é preciso repensar modelos de gestão.
A seguir, confira os quatro principais desafios para o setor de saúde no Brasil, segundo Lottenberg:
O último grande estudo que guiou a formação dos médicos nas universidades foi o relatório Flexner, publicado há mais de cem anos. Até hoje, os médicos são treinados para trabalhar em hospitais ou em institutos de pesquisa, com problemas de saúde de alta complexidade.
“Os médicos transformam os problemas de saúde de baixa complexidade em problemas de alta complexidade. Seu papel tem que ser diferente”, disse o presidente do UnitedHealth Group Brasil.
No Brasil, o décimo país mais desigual do mundo, 67% da população é atendida pelo programa público de saúde da família e apenas 25%, pelo setor privado de saúde. Planos privados populares poderiam atender problemas de baixa complexidade e dar acesso a mais pessoas à saúde suplementar.
Aumentar a participação de planos privados no atendimento à saúde da família seria uma solução possível, segundo Lottenberg. Países como a Espanha e a Holanda são referência para incluir a iniciativa privada na promoção da saúde pública.
Ano a ano, os gastos do sistema de saúde aumentam acima da inflação no Brasil. A incorporação de tecnologias é importante, mas seu uso inapropriado tem inviabilizado a sustentabilidade da saúde.
“Professores de farmacologia viraram propagandistas de laboratórios e médicos incorporaram tecnologias que não necessariamente agregam valor no tratamento”, disse o presidente do UnitedHealth Group Brasil.
A escolha dos representantes das agências reguladoras de saúde no Brasil é politizada, o que leva a decisões que trazem prejuízos para o setor, segundo Lottenberg. Um exemplo é a falta de reajuste dos planos individuais, que leva ao desaparecimento gradual desses planos.