Pesquisa mostra que o potencial de transferência de votos de Lula para Fernando Haddad tem um teto relativamente baixo (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de agosto de 2018 às 13h34.
Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 13h35.
São Paulo - A pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, 20, mostra que o potencial de transferência de votos do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad tem um teto relativamente baixo até o momento. Quatro em cada dez eleitores de Lula, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato e preso em cela da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril, afirmam que não votarão em Haddad "de jeito nenhum".
O levantamento mostrou Lula com 37% das intenções de voto, patamar que ele não havia atingido em meses anteriores. Dessa parcela específica do universo da pesquisa, formada pelos eleitores declarados de Lula, metade afirma que com certeza votará ou poderá votar em Haddad, se ele for o candidato apoiado pelo ex-presidente.
Outros 10% desse contingente se declaram indecisos ou dizem não conhecer Haddad o suficiente para opinar. E outros 39% rejeitam a hipótese de votar nele.
Para medir o potencial de votos de Haddad, o Ibope fez aos entrevistados a seguinte pergunta: "Caso o candidato pelo PT, Lula, seja impedido de disputar a eleição para presidente da República e declare seu apoio a Fernando Haddad, o(a) sr(a) com certeza votaria em Fernando Haddad, poderia votar nele ou não votaria em Fernando Haddad de jeito nenhum?"
Mesmo com o teto baixo de transferência, Haddad pode capturar dos simpatizantes de Lula - e também de outros candidatos - uma parcela suficiente de votos para viabilizar a disputa por uma vaga no segundo turno.
Levando-se em conta o universo total da pesquisa, e não apenas os eleitores de Lula, 13% afirmam que "com certeza" votarão no ex-prefeito, e outros 14% dizem que poderiam votar.
Conforme a edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo, os números também mostram que 60% do eleitorado total (não apenas os que votam em Lula) não votariam em Haddad "de jeito nenhum".
O desafio, para o PT, é fazer chegar ao eleitorado a informação de que Haddad é o "plano B", ao mesmo tempo em que insiste na narrativa de que Lula é o candidato do partido.
Parte significativa da população parece estar acreditando na hipótese de que o ex-presidente será mesmo candidato: quase um terço dos entrevistados pelo Ibope dizem achar que ele vencerá a eleição.
Lula, porém, é candidato apenas do ponto de vista formal, ao menos até que a Justiça Eleitoral barre sua pretensão por impedimentos legais. Enquanto isso, Haddad, a menos de 50 dias da eleição, nem sequer pode se apresentar ao eleitorado como candidato.
Em viagem a Salvador, Haddad se encontrou com o governador baiano, Rui Costa. O ex-prefeito de São Paulo se apresentou como "representante de Lula", disse o que ex-presidente é muito importante na corrida eleitoral, tanto é "que estaria a dois ou três pontos de vencer a eleição no primeiro turno" e que ainda "não está tratando de transferência de votos".