Macapá, capital do estado Amapá (Jorge Junior/ Secom Amapá)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2015 às 17h05.
Brasília - Cerca de 3 mil moradores de Ferreira Gomes, a cerca de 140 quilômetros de Macapá (Amapá), foram afetados pelas águas que atingiram a cidade, ontem (7), depois que a empresa responsável pela Usina Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, construída próxima à sede do município, abriu as comportas para permitir a vazão do excesso d'água do Rio Araguari.
Segundo a prefeitura, até a manhã de hoje (8), cerca de 300 pessoas continuavam abrigadas em escolas e creches da cidade. Não houve aviso prévio de nenhum órgão público do estado ou do município sobre o encaminhamento da operação.
“Foi aterrorizante. O nível da água subiu rápido. Não houve tempo de a população se preparar”, disse à Agência Brasil a secretária municipal de Saúde, Ione Nazaré de Oliveira Nunes.
Ela disse que os órgãos de defesa civil dos municípios e do estado ainda estão fazendo o levantamento do número de desabrigados e prejuízos. O fornecimento de água tratada e de energia elétrica foi interrompido, mas, aos poucos, está sendo normalizado.
Até o meio-dia de hoje (8), não havia registro de feridos ou mortos. De acordo com Ione, nos abrigos há muitas crianças, idosos e pessoas com ferimentos.
“Estamos oferecendo suporte a essas pessoas. Assistentes sociais e psicólogos estão levantando a real dimensão do problema. Bombeiros foram deslocados de outras localidades e, com o apoio do governo estadual, garantiremos o transporte a quem eventualmente precisar de atendimento hospitalar só disponível na capital”.
Segundo o assessor de comunicação da prefeitura, Weverton Façanha, o nível do Rio Araguari já baixou bastante: cerca de 80% das áreas alagadas já não estão sob as águas.
Segundo a Secretaria de Defesa Civil Estadual, o nível do Rio Araguari subiu cinco metros nas cinco horas que antecederam a abertura das comportas.
“A situação hoje já não é tão ruim quanto ontem, mas houve quem só conseguiu apanhar os documentos pessoais antes de sair às pressas de casa. Os estragos foram imensos. Alguns comerciantes e pequenos empresários perderam tudo. Se isso tivesse ocorrido à noite, quase certamente teríamos resultados mais graves”.
Em nota, a Empresa de Energia Cachoeira Caldeirão, responsável pela hidrelétrica, informou que "devido à cheia do rio Araguari, realizou a abertura controlada na ensecadeira da 2ª fase para permitir a passagem das águas do rio e garantir a segurança das estruturas e comunidades ribeirinhas".
Sem essas providências, informou a companhia, os riscos e danos poderiam ser mais graves.
A empresa acrescentou que vai oferecer apoio às pessoas prejudicadas. As atividades de construção da Usina Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão prosseguem normalmente, sem impacto no cronograma do empreendimento.
A Cachoeira Caldeirão é uma das três hidrelétricas em funcionamento a menos de 60 quilômetros de distância da sede da cidade.
Ontem (7), o governador Waldez Góes visitou as áreas afetadas. Durante a visita, determinou que, além do atendimento prioritário às pessoas afetadas, seja apurada a responsabilidade das hidrelétricas instaladas nas proximidades da sede do município na decisão de abrir as comportas. "É preciso transparência total sobre os fatos ocorridos aqui", afirmou Góes.