Brasil

STF decide se mantém liminar do presidente Temer sobre indulto de Natal

Liminar de Barroso questiona o princípio da moralidade do ato, que diminuiu o tempo de cumprimento de pena e incluiu crimes de colarinho branco

Supremo Tribunal Federal (Adriano Machado/Reuters)

Supremo Tribunal Federal (Adriano Machado/Reuters)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 28 de novembro de 2018 às 14h39.

Última atualização em 28 de novembro de 2018 às 19h24.

São Paulo — O Supremo Tribunal Federal (STF) vota na tarde desta quarta-feira (28) sobre o indulto concedido pelo presidente Michel Temer em dezembro de 2017.

A corte decide se derruba ou não uma liminar do ministro Luís Barroso que questiona o princípio da moralidade do ato do presidente, que diminuiu o tempo de cumprimento de pena do condenado e incluiu crimes de colarinho branco no decreto.

Barroso, que é relator do caso, abriu a sessão e votou para manter sua decisão que suspendeu parte do decreto. O julgamento continua para tomada de votos dos demais ministros.

"O indulto vai liberar todas essas pessoas e o Supremo chancela isso? Que mensagem vamos passar para a sociedade brasileira? Que país estamos criando? De que lado da história nós queremos estar?", questionou o ministro durante sua fala.

Pelo seu voto, o indulto só pode ser aplicado após o cumprimento de um terço da condenação — e não um quinto, como prevê o documento assinado por Temer.

Condenados pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em penas superiores a oito anos de prisão também não poderão ser beneficiados.

Condenados na Lava Jato

Durante o dia, uma mobilização contra o indulto tomou as redes sociais. No Twitter, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que 21 condenados na operação podem se beneficiar.

Entre os nomes estão o ex-ministro Antonio Palocci, o ex-senador Gim Argello, os ex-deputados André Vargas e João Argolo, o pecuarista José Carlos Bumlai, operadores de propina e empresários.

Segundo Deltan, a Lava Jato analisou a situação de 39 condenados por corrupção. Deste total, 21 podem ser perdoados pelo decreto do presidente, caso a Corte não o derrube.

“Isto é, mais de 50% desses condenados por corrupção sairão pela porta da frente da cadeia. Isso seria a ruína da Lava Jato, o fim da linha”, afirmou.

Procuradores da Lava Jato estão convocando internautas para um twitaço contra o indulto de Temer, com a hashtag #indultonao.

De acordo com o texto do decreto presidencial do indulto de 2017, o preso que tiver sido condenado por crimes que não representem grave ameaça à sociedade e tiver cumprido, se for réu primário, 1/5 da sua pena até 31 de dezembro de 2017, poderia ser beneficiado pela medida.

STF deve manter liminar

Especialistas ouvidos por EXAME analisam que a liminar deverá ser mantida pelo plenário do STF, uma vez que seria uma forma do Supremo mandar um recado para a sociedade de que continua sendo o combativo com a corrupção.

Acompanhe tudo sobre:Michel TemerOperação Lava JatoPrisõesSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas