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2015 é ano de estresse hídrico e financeiro, diz Sabesp

Diretor reiterou que a companhia terá que reduzir ainda mais os investimentos previstos neste ano, em relação às estimativas iniciais

Trabalhador da Sabesp mostra os indicadores de nível de água na represa seca de Jaguary, em Bragança Paulista, interior de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

Trabalhador da Sabesp mostra os indicadores de nível de água na represa seca de Jaguary, em Bragança Paulista, interior de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2015 às 13h39.

São Paulo - Além de enfrentar mais um ano de estresse hídrico, a Sabesp enfrenta este ano também um estresse financeiro, disse repetidas vezes do diretor econômico-financeiro e de Relações com Investidores da Sabesp, Rui Affonso, durante teleconferência com analistas e jornalistas para comentar os resultados da companhia no primeiro trimestre deste ano, nesta terça-feira, 19.

Ele reiterou que a companhia terá que reduzir ainda mais os investimentos previstos neste ano, em relação às estimativas iniciais.

"Estamos fazendo os cálculos de quanto será a redução, mas isso é absolutamente dever de responsabilidade da companhia, ante uma situação de estresse financeiro, para garantir a sustentabilidade econômica da empresa", disse Affonso, citando que governo federal, governo estadual e empresas por todo o Brasil estão cortando investimentos por causa do cenário econômico de inflação, câmbio e juros em alta.

"A Sabesp, além de tudo isso, tem uma redução enorme em sua disponibilidade hídrica, e seria absolutamente irresponsável manter o nível de investimentos", disse.

Ele lembrou que a companhia havia pleiteado um reajuste tarifário extraordinário de 22,7%, "sem nenhum blefe, era o que a Sabesp precisava para manter a sustentabilidade econômico-financeira", mas obteve apenas 15,24%.

De acordo com ele, mesmo com o reajuste solicitado, a Sabesp seguiria com uma situação financeira delicada.

"Não é possível a Sabesp manter o nível de investimento projetado se há uma frustração de receita em relação a revisão tarifaria e se as condições macroeconômicas todas pioraram", reforçou.

Affonso garantiu que o corte será feito de modo a garantir que a prestação de serviço de água em São Paulo não sofra continuidade, com a manutenção das ações voltadas para a garantia do abastecimento e redução da dependência das chuvas.

"Vamos fazer um freio de arrumação e vamos em frente", acrescentou.

Ele não citou quais investimentos devem ser postergados, porque a companhia esperava a decisão da Arsesp sobre a revisão tarifária extraordinária para fazer avaliação, mas disse que o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo é o foco central de investimento. "Tudo o que não for isso está em tela de juízo", disse.

No ano passado, a Sabesp investiu R$ 3,2 bilhões e, por ocasião da divulgação dos resultados de 2014, indicou que investiria R$ 13,5 bilhões entre 2015 e 2019, prevendo R$ 2,36 bilhões para este ano, montante que foi mantido como projeção no relatório do primeiro trimestre.

O montante menor que o realizado um ano antes já considerava a situação financeira piorada da companhia.

Dentre as ações prioritárias previstas para este ano para garantir fornecimento de água em São Paulo, incluindo a interligação entre a Billings e o Alto Tietê, dentre outras medidas de transferência de água entre os sistemas, o executivo indicou que o valor total do investimento, não informado, pode variar até R$ 300 milhões.

Isso porque, com exceção da interligação, que tem um valor orçado de R$ 130 milhões, as demais estão "em desenvolvimento", com contratos em negociação e sem um valor definido.

Affonso indicou que além do corte nos investimentos, a companhia também seguirá buscando uma contenção dos gastos, e salientou que seguirá reforçando sua política de recuperação de crédito de devedores.

Ele salientou que há um volume significativo de municípios, alguns de grande porte, que não pagam conta de água, e que a companhia intensificará sua cobrança junto as esses "clientes de varejo.

A companhia contabiliza cerca de R$ 2,2 bilhões de contas a receber desses clientes, mas o executivo lembra que acrescido de juros e correção monetária, o montante fica significativamente maior.

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