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1º de Maio: Em ato sem Lula, centrais defendem fim da escala 6x1 e isenção do IR até R$ 5 mil

Presidente foi representado por ministros em evento com presença abaixo do esperado na Praça Campo de Bagatelle, em São Paulo; Luiz Marinho disse que não era a público 'que estava acostumado'

Agência o Globo
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Publicado em 1 de maio de 2025 às 15h25.

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Em ato que começou às 9h, na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo, centrais sindicais e ministros do governo Lula defenderam a proposta para redução da jornada de trabalho, com manutenção dos salários, e a aprovação do projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Os discursos também pediram apoio ao governo em evento maior do que o do ano passado, mas longe das expectativas iniciais das centrais sindicais. Para atrair público, os organizadores apostaram em shows gratuitos de música sertaneja, como da dupla Fernando e Sorocaba, e sorteio de dez carros 0 km do modelo Volkswagen Polo Track.

A projeção da União Geral dos Trabalhadores (UGT) feita ao GLOBO era a presença de até 300 mil pessoas ao longo do dia — número que contrasta com as cerca de 1,6 mil pessoas estimadas no evento de 2024 por pesquisadores, realizado no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera. O grupo da USP que fez a contagem no ato anterior, no entanto, não realizou o levantamento este ano.

Apesar da expectativa, parte da praça permanecia desocupada no início da tarde, quando as autoridades e lideranças discursavam. A frente do palco estava lotada com os sindicatos. Na chegada ao ato, os organizadores distribuíam os cupons para que o público pudesse participar do sorteio dos carros, enquanto ambulantes vendiam canetas para o preenchimento das informações.

Com banheiros químicos e espaço gradeado para o público, o ato teve início com os shows. Ausente dos atos em São Paulo e São Bernardo do Campo, o presidente Lula foi representado pelos ministros Luiz Marinho (Trabalho), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Cida Gonçalves (Mulher), que ficaram atrás dos sindicalistas no palco a serem chamados a falar.

— Nós estamos aqui para trazer o abraço do presidente do Lula a cada companheira e companheiro trabalhador e trabalhadora que está aqui — disse Macêdo, que foi o primeiro a discursar e enfatizou ações do governo federal em favor dos trabalhadores.

Fraudes no INSS

Tema quase ausente nos discursos, o esquema de fraudes nos descontos de aposentadorias do INSS foi mencionado no fim da fala do ministro. Ele já havia encerrado o pronunciamento quando voltou ao microfone:

— O companheiro falou da crise do INSS e é importante falar que nós não temos medo de falar sobre isso. Esse é escândalo começou em 2019. O governo Lula mandou investigar […]. Quem tinha que ir para cadeia nesse momento, foi. Quem tinha que ser afastado também — afirmou o ministro, que recebeu aplausos depois de dizer que o dinheiro dos aposentados seria “devolvido.

Além do fim da escala 6x1, os discursos saíram em defesa do projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e da paridade salarial entre mulheres e homens. Cida Gonçalves defendeu “igualdade e justiça” para as mulheres no espaço de comando e chefia.

Luiz Marinho pediu aos sindicatos que reivindicassem, nas convenções coletivas, a remuneração igualitária para mulheres e pediu que os trabalhadores voltassem a se sindicalizar. Ele também fez coro à defesa da redução da jornada.

— A economia brasileira tem toda a condição de suportar uma redução da jornada máxima de trabalho. É preciso pautar o fim da escala 6x1, como disse o presidente ontem. É preciso de mobilização e convencimento, chamar a atenção do empresariado brasileiro — disse o ministro que, ao fim do discurso, também citou as investigações do INNS, e disse que “doa a quem doer” a apuração irá até “as últimas consequências.

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), criticou os juros altos e o Banco Central e disse que era possível isentar os trabalhadores no IR. Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores, disse que a "principal bandeira" do 1º de Maio era o "fim da jornada 6x1":

— Principalmente para as mulheres que trabalham, trabalham, trabalham e não têm nenhum dia para descansar. 
Por isso nós temos que demonstrar nossa indignação e acabar já com a jornada 6x1.

Publico menor que o esperado

Depois de deixar o palco, Marinho foi questionado por jornalistas sobre o público presente no ato, abaixo das expectativas. O ministro avaliou que a mobilização foi menor do que em anos anteriores, mas atribuiu isso a um processo de “retomada” das centrais sindicais.

— Não foi um público que eu estava acostumado no passado. Evidentemente eu acredito que a capacidade estrutural de mobilização também não foi a mesma que eles (sindicatos) tiveram no passado. Mas tudo isso faz parte de um processo. Tenho certeza que o ano que vem pode ter mais do que este ano e em 2027 pode ter mais do que em 2026 e assim sucessivamente.

O evento foi montado por seis centrais sindicais, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública, mas sem a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que decidiu realizar ato paralelo em São Bernardo do Campo. Uma das razões da divisão foi a divergência da CUT em relação a estratégia de sorteio de carros para atrair participantes.

Na quarta-feira, Lula gravou um pronunciamento em rede nacional, em que defendeu as pautas encabeçadas pelas centrais - o fim da escala 6x1 e isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. A proposta de emenda constitucional que reduz a jornada de trabalho, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL), foi incorporada na agenda dos sindicatos após o tema ganhar força nas redes sociais no ano passado, mas segue há pouco mais de dois meses travada na Câmara dos deputados.

A programação musical inclui nomes populares como Felipe Araújo, Fernando e Sorocaba , e Sampa Crew. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foram convidados, mas não compareceram.

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