Brasil

120 cidades brasileiras concentraram 50% dos homicídios em 2017

A cidade mais violenta do Brasil em 2017 foi Maracanaú, no Ceará, com 145,7 homicídios para cada 100 mil habitantes, segundo estudo do Ipea

Altamira, Pará: cidade palco de rebelião na semana passada, que matou 62 detentos, está em segundo lugar (Bruno Santos/Reuters)

Altamira, Pará: cidade palco de rebelião na semana passada, que matou 62 detentos, está em segundo lugar (Bruno Santos/Reuters)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 5 de agosto de 2019 às 12h06.

Última atualização em 5 de agosto de 2019 às 12h08.

São Paulo — Apenas 2,1% dos municípios brasileiros, o que equivale a 120 cidades, concentraram 50% dos homicídios do país em 2017, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Brasil tem, ao todo, 5.570 municípios.

A cidade mais violenta do Brasil em 2017 foi Maracanaú, no Ceará, com 145,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. No ano do estudo, 308 pessoas foram assassinadas na cidade, que fica na região metropolitana de Fortaleza e tem 224 mil habitantes.

Em seguida está Altamira, no Pará, com taxa de 133,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Essa é a mesma cidade onde 62 detentos foram assassinados na semana passada durante uma rebelião em presídios. 

Em terceiro lugar, vem São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, que registrou no ano retrasado uma taxa de 131,2 para cada 100 mil habitantes.

Violência por região

Das 20 cidades mais violentas do Brasil, 18 estão localizadas nas regiões Norte e Nordeste. A pesquisa, que contabiliza apenas municípios com ao menos 100 mil habitantes, mostra ainda que o estado de São Paulo tem 14 das 20 cidades menos violentas.

Os números permitem identificar que as cidades mais violentas e menos violentas apresentam também grande diferença entre os índices de desenvolvimento humano.

Segundo o Ipea, as cidades mais violentas, em geral, têm também números piores no acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho, enquanto as menos violentas têm indicadores considerados parecidos com os de países desenvolvidos.

As cidades mais violentas têm, em média, 60% da taxa de atendimento escolar das menos violentas, e o percentual de jovens de 15 a 24 anos que não estudavam, não trabalhavam e eram vulneráveis à pobreza era quatro vezes maior.

Números absolutos

Fortaleza, capital do Ceará, foi a cidade que teve o maior número absoluto de homicídios em 2017, com 2.145 casos, superando até mesmo as cidades populosas do país.

O Rio de Janeiro, que tem mais que o dobro de habitantes de Fortaleza, teve 1.850 assassinatos, e São Paulo, que tem uma população quatro vezes maior, teve 1.011 — menos que a metade.

A cidade considerada mais pacífica do Brasil foi Jaú, em São Paulo, com uma taxa de 2,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade de 146 mil moradores teve quatro assassinatos em 2017.

Indaiatuba e Valinhos, também situadas em São Paulo, ocupam o segundo e o terceiro lugar na lista, que continua com Jaraguá do Sul (SC), Brusque (SC), Jundiaí (SP), Passos (MG), Limeira (SP), Americana (SP), Bragança Paulista (SP), Santos (SP), Araxá (MG), Araraquara (SP), São Caetano do Sul (SP), Tubarão (SC), Mogi das Cruzes (SP), Itatiba (SP), Varginha (MG), Catanduva (SP) e Sertãozinho (SP).

O coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, avalia que políticas focalizadas em territórios vulneráveis são a luz no fim do túnel, com iniciativas voltadas para o desenvolvimento infanto-juvenil e para as famílias mais pobres. Ele defende ainda um reforço na qualificação policial e a melhora das condições de encarceramento.

Acompanhe tudo sobre:AssassinatosIpeaMortesParáViolência urbana

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe