Em 2014, perdemos de 7 a 1 para a Alemanha, vimos o escândalo da Petrobras e, em São Paulo, ficamos sem água na torneira. Agora nos resta torcer para 2015 chegar logo
Contagem regressiva (Ryan Pierse/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 10h13.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h56.
São Paulo – Podemos admitir: 2014 não está fácil para os brasileiros. Não dá para esquecer que foi o ano em que perdemos de 7 a 1 para a Alemanha. Como se não bastasse, assistimos boquiabertos ao desenrolar do escândalo da Petrobras, um dos maiores do país. E teve mais: amizades foram rompidas com as discussões acaloradas de uma das eleições mais acirradas da história. E muita gente ficou sem água em São Paulo e em outros estados, numa das maiores secas que já enfrentamos. Para completar, perdemos a companhia de Jair Rodrigues, João Ubaldo Ribeiro, José Wilker e muitos outros. Com tanta notícia ruim, um descanso poderia cair bem. Mas não. Em 2014, nem os feriados estiveram a nosso favor: a maioria caiu em fins de semana. Com um panorama desses, que tal já começar a contagem regressiva para o fim do ano? Veja nas fotos por que 2014 já está fazendo hora extra. E que venha 2015!
Quem não se lembra dos seis minutos desesperadores em que a seleção brasileira tomou quatro gols dos adversários alemães? A goleada, que no fim do jogo chegou a 7 a 1, foi a maior derrota do Brasil em Copas do Mundo. E o pior: aconteceu na nossa casa. Comparado ao Maracanazo, quando a Seleção Brasileira perdeu o jogo para o Uruguai, no Maracanã, na final da Copa de 1950, o jogo contra a Alemanha ficará gravado na memória dos brasileiros com um dos piores momentos que 2014 nos ofereceu.
Terminada a Copa do Mundo, os brasileiros derrotados no futebol puderam voltar as atenções para problemas, digamos, mais sérios. E põe sério nisso. Este está sendo o ano em que grandes cidades como São Paulo ficaram ameaçadas pela falta de água. Muitos moradores relatam interrupção no fornecimento, apesar de não haver racionamento oficial. Em municípios como Itu, no interior paulista, o abastecimento chegou a ser feito por caminhões-pipa. A situação também é crítica nos estados do Nordeste e em Minas Gerais, onde há diversas cidades em estado de emergência devido à seca.
Ainda em 2014, chocaram o país as fotos de altos executivos sendo levados para responder às investigações de pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Neste ano, a Operação Lava Jato apresentou aos brasileiros um triste caso de corrupção, agora envolvendo uma das maiores empresas nacionais. Além dos empresários, a maioria de empreiteiras, o caso envolve políticos e funcionários públicos, e contribuiu para reduzir ainda mais a confiança do brasileiro nas instituições do país.
As revelações sobre a Petrobras ajudaram a esquentar o clima nas eleições deste ano. Numa das mais disputadas corridas eleitorais de nossa história recente, as discussões ficaram tensas nos debates eleitorais, e também fora deles. Enquanto os principais candidatos se acusavam na TV, teve gente que bloqueou amigos nas redes sociais e entrou em discussões quentes em mesas de bar e almoços de família. Por mais que seja importante defender seu ponto de vista, ninguém merece perder amigos por causa das eleições. Não podemos esquecer ainda que essas eleições foram marcadas pela tragédia envolvendo o candidato Eduardo Campos, do PSB, morto num acidente de avião em plena campanha. Mais um ponto negativo para 2014.
Não foram só as amizades que perderam com as eleições deste ano. Os institutos de pesquisa também saíram um tanto chamuscados. Isso porque algumas pesquisas de intenção de voto erraram o resultado das urnas. Houve até caso de candidato que ficou de fora do 2º turno, apesar de liderar as sondagens antes das votações. E teve mais. Institutos respeitadíssimos, como o IBGE, apresentaram outras pesquisas com erros. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgou que a desigualdade no Brasil aumentou, quando, na verdade, diminuiu. Já o Ipea divulgou uma pesquisa que mostrava que 65% dos brasileiros achavam que uma mulher merecia ser estuprada por usar roupas curtas. O dado também não era bem esse; na verdade eram 26%. Mais um motivo, portanto, para querer logo o fim deste ano, do qual nem os institutos de pesquisa mais respeitados saíram ilesos.
Se 2014 foi difícil para todos, ele foi especialmente duro para as mulheres. Depois da pesquisa do Ipea (que estava errada, é verdade, mas ainda assim trouxe dados preocupantes), as mulheres ainda tiveram que brigar para que a violência não fosse propagandeada no país. Isso porque o suíço Julien Blanc havia marcado palestras por aqui para ensinar os homens a conquistar as mulheres -- mesmo que elas não queiram. Uma das sugestões de Blanc é que os rapazes ignorem quando mulheres dizem não às suas investidas sexuais. O Itamaraty prometeu barrar sua entrada no país. Mas não ficou por aí. No final do ano, as mulheres ainda descobriram que 48% dos jovens brasileiros acham errado que uma mulher saia com os amigos sem a presença de seu marido ou namorado. Por essas e outras, 2014 teve momentos de puro século 19.
Para fechar, o ano de 2014 também foi mesquinho nos dias de folga. No segundo semestre, todos os feriados nacionais caíram no fim de semana. Caíram num domingo, 7 de setembro (dia da Independência), 12 de outubro (dia de Nossa Senhora Aparecida) e 2 de novembro (dia de Finados). A Proclamação da República (dia 15 de novembro) caiu num sábado. A única exceção será o Natal, no dia 25 de dezembro, que cairá numa quinta-feira. Resta torcer para que 2015 traga notícias mais alegres e, é claro, mais feriados.
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