Galpão estava repleto de caixas de cigarros irregulares antes da operação da polícia (Divulgação Polícia Civil de PE e ABCF)
Repórter
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 18h40.
Última atualização em 26 de setembro de 2025 às 19h10.
A Polícia Civil de Pernambuco e a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) desencadearam nesta quinta-feira a maior operação do ano contra cigarros clandestinos. Segundo as autoridades que participaram da investigação, mais de 5 mil caixas com cigarros foram apreendidos num galpão em São Lourenço da Mata, cidade na região de metropolitana do Recife. A fábrica já está interditada.
A denúncia dos produtos partiu da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) para a Apevisa e para a Polícia Civil do estado. Segundo a ABCF, 10 carretas cheias de cigarros e outras duas de insumos foram apreendidas e retiradas do local.
A empresa responsável pelo produto fabricava cigarros com marcas diferentes daqueles que tinha registrado junto à Anvisa. A companhia também armazenava e reaproveitava insumos de maneira irregular, sem higiene.
Caixa de cigarros clandestinos apreendida na região metropolitana do Recife (Divulgação Polícia Civil de PE e ABCF)
As autoridades suspeitam que a comercialização de tais produtos foram feitas com selos de IPI desviados e sem as devidas emissões de notas fiscais.
O setor de cigarros é um dos mais afetados pelo mercado ilegal no país. As perdas foram estimadas em R$ 10,5 bilhões no último ano, segundo a ABCF.
Segundo o Anuário da Falsificação 2025, divulgado pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), as perdas econômicas causadas por falsificação, contrabando, pirataria e sonegação fiscal somaram R$ 471 bilhões em 2024 — um crescimento de 27% em relação ao ano passado.
Segundo a Receita Federal, os cigarros continuam sendo o produto mais apreendido no país, representando 40% do total de mercadorias confiscadas em 2024. Apenas no último ano, foram R$ 2 bilhões em apreensões de cigarros.
Máquina que fabrica cigarro clandestino (Divulgação Polícia Civil de PE e ABCF)
Cerca de 85% dos cigarros ilegais vendidos no Brasil são produzidos no Paraguai e entram no país por meio de rotas de contrabando nas fronteiras com o Paraná e o Mato Grosso do Sul. Esses produtos chegam ao consumidor final com preços até 60% mais baixos que os cigarros nacionais.
O relatório também destaca o crescimento das apreensões de cigarros eletrônicos, que saltaram de R$ 61,8 milhões em 2023 para R$ 179,4 milhões em 2024 — um aumento de 190%. Apesar da proibição da comercialização desses dispositivos pela Anvisa desde 2009, o consumo segue em alta, especialmente entre jovens.