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World Agri-Tech Summit: o que vai impulsionar as AgTechs no futuro?

OPINIÃO | Quais as principais tendências do maior evento de agtech do mundo, realizado em San Francisco?

Mais oito empresas brasileiras de agtech participaram do evento em São Francisco, nos EUA (World Agri-Tech/Divulgação)

Mais oito empresas brasileiras de agtech participaram do evento em São Francisco, nos EUA (World Agri-Tech/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de abril de 2023 às 07h18.

Por Kieran Gartlan*

O Venture Capital e o mundo das startups não estão imunes ao risco e à adversidade, mas mesmo o mais resiliente dos setores foi abalado pela notícia da falência do Silicon Valley Bank na véspera do World Agri-Tech Summit, em São Francisco, no mês passado.

Através da adversidade vem a oportunidade. Uma vez que a poeira baixou do choque do SVB, o setor voltou aos negócios, como sempre em busca de vantagens e das tendências mais quentes do mercado. Confira a seguir os principais destaques do evento:

Impacto & Sustentabilidade

Uma das principais conclusões do World Agri-Tech Summit deste ano foi como a sustentabilidade e o impacto são atualmente os principais impulsionadores do crescimento das AgTechs, tanto do ponto de vista do usuário quanto do investidor.

A primeira onda da AgTech foi toda sobre agronomia e agricultura de precisão, com foco principal nos resultados financeiros do agricultor. 

VEJA TAMBÉM: Brasil é chave na descarbonização da agricultura, diz CEO global da Yara, presente em 160 países

A nova onda de AgTech, no entanto, é muito mais ampla, olhando tanto para dentro quanto para fora da fazenda, para trazer eficiência para toda a cadeia de abastecimento de alimentos. Agora, os principais impulsionadores são sustentabilidade e impacto, pois a tecnologia fornece dados concretos que permitem que esse impacto seja medido e monitorado de maneiras que não poderiam ser feitas antes.

Esse foco atraiu novos players para a mesa durante o evento, como Microsoft, AWS e Google, com forte foco nas mudanças climáticas e ajudando empresas dentro e fora da cadeia de suprimentos de alimentos a atingir metas agressivas de carbono neutro. As ferramentas digitais que medem e verificam os impactos de novas tecnologias e práticas agrícolas são consideradas essenciais para expandir os mercados de carbono e as práticas agrícolas consideradas inteligentes para o clima.

“Nosso propósito evoluiu da segurança alimentar para algo além, como alimentar e abastecer o mundo de forma sustentável”, disse Chuck Magro, CEO da Corteva Agriscience, em um discurso de abertura.

Fintech movendo o mundo Ag… e não apenas na América Latina!

Embora o acesso aos mercados de capitais tenha sido um ponto crítico para os agricultores na América Latina, como visto pelo sucesso de startups como TerraMagna, Agrolend e Traive, as taxas de juros mais altas nos EUA estão começando a pressionar não apenas o sistema bancário local, veja o que ocorreu com SVB, mas também os agricultores americanos, com taxas de inadimplência subindo para 2% no ano passado.

De acordo com a startup californiana BankBarn, os bancos agrícolas dos EUA consolidaram 50% desde a década de 1990, deixando não apenas os agricultores com opções de crédito limitadas, bem como os especialistas no assunto ainda mais necessários para ajudar os agricultores a melhorar suas operações e personalizar seus pacotes financeiros. Eles acrescentaram que o sistema tradicional de empréstimos Ag está quebrado, com originação lenta, pilhas de papelada, verificações de manuais de garantias e transparência limitada a respeito de como as taxas e os termos do mutuário são determinados.

Ao sul da fronteira com os EUA, as coisas estão cada vez mais críticas. De acordo com Hugo Ortega, CEO da Verqor, uma Agrifintech mexicana, nove em cada 10 agricultores no México carecem de crédito, mas esse é agora um dos pontos críticos que as startups como a dele estão abordando.

A tecnologia remota, como imagens de satélite, telemetria e dados de drones, fornece uma maneira muito mais confiável e barata de medir o risco de crédito agrícola em comparação com os processos tradicionais de perfil de crédito - ou credit score - usados ​​pelos bancos, onde os agricultores receberam o mesmo processo de pontuação de crédito que os consumidores com apenas um número do CPF. Por isso, as fintechs também estarão em alta no ecossistema de inovação.

Inteligência Artificial, a tecnologia perfeita para a agricultura

Uma das tecnologias mais empolgantes faladas no evento, que pode ajudar a atingir esses objetivos de maior impacto e inclusão financeira, é a Inteligência Artificial (IA). A IA é a ferramenta perfeita para processar todos os dados produzidos dentro e fora da fazenda e também ajudar os agricultores na tomada de decisões complexas com base em dados concretos, e não apenas baseados em sentimentos.

A evidência dessa empolgação crescente em torno da IA ​​para a agricultura foi a vitória da startup canadense Precision AI, que derrotou mais de 100 participantes para vencer o Desafio de inovação de empreendimentos cooperativos no evento deste ano. A startup usa drones personalizados com inteligência artificial para oferecer aplicações de herbicidas em nível de planta em escala ampla, tomando decisões de produção agrícola de um campo inteiro para uma planta individual.

O Bankbarn, com sede na Califórnia, também está seguindo esse exemplo com o primeiro modelo de crédito orientado por IA e plataforma de empréstimo totalmente digital para o setor do agronegócio, começando com carne bovina e laticínios, que alavancará dados e IA para fornecer acesso financeiro a agricultores que necessitam.

América Latina com forte participação!

Houve uma forte presença da América Latina no World Agri-Tech Summit deste ano, especialmente do Brasil e da Argentina, já que as startups da região começam a amadurecer e mirar no lucrativo mercado dos EUA.

A startup brasileira Agrotools aproveitou o evento para anunciar oficialmente o lançamento de sua nova operação nos Estados Unidos, comandada pelo brasileiro Rafael Quintella, e que também contará com o apoio da divisão Ag e Biotech da parceira Microsoft.

Outra Agtech brasileira com atuação nos EUA é a Seedz, de Belo Horizonte, que abriu escritórios em Minneapolis no ano passado comandada pela ex-executiva do banco Bremer, Melissa Carmichael, que esteve no evento em São Francisco junto com o fundador e CEO da Seedz, Matheus Ganem.

O evento deste ano foi patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex, que levou oito empresas brasileiras de agtech para São Francisco, incluindo Agrotools, Arpac, Decoy, Digifarmz, Grão Direto, Pink Farms, Tarvos e Umgrauemeio. Além disso, tinha startups de outros países latino-americanos, incluindo Kilimo, Ucropit e Eiwa, da Argentina, e The Climate Box, do Uruguai.

Para quem perdeu o evento de São Francisco, a edição 2023 do World Agri-Tech South America Summit acontecerá de 20 a 21 de junho no Hotel Unique, em São Paulo. Além de sustentabilidade, Fintechs e Inteligência Artificial, quais serão os novos impulsionadores das AgTechs no futuro?

Kieran Gartlan é Diretor da The Yield Lab Latam, que faz parte de uma rede global de fundos de Venture Capital focada em AgriFoodTech. Originalmente da Irlanda, cresceu em uma pequena fazenda leiteira, que foi completamente transformada pela tecnologia. Possui mestrado em Economia pela UCD, Irlanda e MBA em Gestão de Riscos pela USP, Brasil. Sua carreira profissional abrange mais de 25 anos, principalmente no Brasil, como fundador de startup, repórter de commodities, Country Head do CME Group no Brasil e três anos em Chicago no CME Ventures.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioBiotecnologiaStartups

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