Plantação de arroz da agropecuária Canoa Mirim, localizada em Santa Vitória do Palmar (RS) (Giordani Duarte/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 06h02.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 08h49.
A agropecuária Canoa Mirim, empresa localizada em Santa Vitória do Palmar (RS) e atuante na produção de grãos e pecuária, fechou uma parceria com a TIM para levar conectividade a uma área de 37 mil hectares. O projeto envolve a instalação de quatro antenas e permitirá a digitalização do espaço, beneficiando especialmente o plantio de arroz irrigado, uma das principais culturas da companhia gaúcha.
"Com conectividade, conseguimos ter os mapas de colheita em tempo real, saber onde e quando estamos colhendo e organizar melhor a logística de transporte e armazenamento. Além disso, conseguimos automatizar a irrigação, porque temos uma superfície de 1.000 km de canais abertos para distribuir a água", afirma à EXAME Lauro Soares Ribeiro, diretor da empresa.
Sem os sensores, explica Ribeiro, é necessário deslocar pessoas para medir manualmente os níveis de água, um processo demorado e impreciso. "Com tecnologia, evitamos desperdícios e garantimos que o nível esteja adequado para a lavoura", diz.
Sem revelar os valores do investimento, o diretor destaca que a conectividade tornará a comunicação entre as equipes mais ágil, aprimorando a logística da fazenda e permitindo o monitoramento em tempo real de máquinas e processos. “Antes, se precisávamos de um caminhão na lavoura, era necessário rodar quilômetros para avisar. Agora, essa comunicação será imediata”, afirma Ribeiro.
Além do arroz, a Canoa Mirim também cultiva soja e milho, além de atuar na pecuária. Na visão do executivo, a parceria com a TIM tem um potencial que vai além da fazenda. As quatro torres da operadora cobrirão 137 mil hectares, sendo 37 mil da área produtiva da Canoa Mirim e 100 mil no entorno, calcula Ribeiro.
"Com essa conectividade, duas escolas, um posto de saúde e 250 famílias terão acesso à internet de qualidade. Isso melhora a qualidade de vida, atrai profissionais para o campo e fortalece a economia local. Nossa visão é que, se a região cresce, todo mundo cresce junto", diz Ribeiro.
A parceria com a TIM também marca a chegada da operadora ao agronegócio gaúcho. Desde 2019, quando lançou o projeto 4G TIM no Campo — uma iniciativa para levar sinal de internet na frequência de 700 MHz a áreas rurais —, a empresa já planejava expandir sua atuação no Rio Grande do Sul, o que agora se concretiza com a parceria com a Canoa Mirim.
"Depois de seis anos trabalhando com conectividade no agronegócio, poder trazer essa transformação digital para o estado é uma grande conquista. Queremos entrar no Rio Grande do Sul por essa região, onde há uma grande produção de arroz", afirma Alexandre Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT & 5G da TIM Brasil.
Maior produtor de arroz do Brasil, o Rio Grande do Sul colheu 8 milhões de toneladas em 2024, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para Dal Forno, a chegada das antenas ao agro gaúcho contribuirá para a redução de custos operacionais, especialmente com diesel. Em um projeto semelhante no Mato Grosso, a economia chegou a 25% no consumo de combustível.
O executivo destaca que outras empresas do estado estão no radar da TIM, com novos anúncios previstos para breve. No entanto, a estratégia inicial é consolidar a parceria com a Canoa Mirim antes de novas expansões.
No ano passado, a cobertura da TIM no agronegócio atingiu 20 milhões de hectares com 4G. Dal Forno afirma que a meta para este ano ainda está sendo definida, mas a expectativa é ampliar a área conectada, beneficiando também as comunidades vizinhas.
Desde 2018, segundo o executivo, a TIM já conectou 1,9 milhão de pessoas no campo, abrangendo mais de 306 mil propriedades rurais.
"Hoje, levar conectividade para o campo não é apenas uma questão de tecnologia, mas de transformação social. A cobertura dessas antenas não beneficia apenas a fazenda, mas também as comunidades vizinhas. Isso muda a realidade da região e cria novas oportunidades", afirma Dal Forno.