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O mercado de crédito para o agro atingiu R$ 843 bilhões em dezembro de 2022, um aumento de 134% dos últimos três anos (Pascvii/Pixabay/Reprodução)
Repórter de Agro
Publicado em 10 de outubro de 2023 às 18h19.
Cada vez mais independente do financiamento tradicional viabilizado pelo Plano Safra, o agronegócio tem elaborado formas de diversificar as fontes de crédito para ampliar a produtividade. Nesta segunda-feira, 9, diferentes representantes do setor produtivo e do sistema financeiro se reuniram, em São Paulo, para discutir como atender as necessidades de pequenas, médias e grandes propriedades.
Do ponto de vista de quem produz, quatro gargalos foram elencados como os principais. Esgotamento do modelo de financiamento do Plano Safra, crise orçamentaria, alta taxa de juros e custo das tarifas bancárias. Por causa deste cenário, no Mato Grosso, mais de 30% da safra de soja é financiada com recurso do próprio produtor, segundo Azael Pizzolato Neto, presidente da APROSOJA.
“Precisamos de redução da taxa de juros, com responsabilidade fiscal e reforma administrativa. Aliás, essa reforma deveria acontecer antes da reforma tributária”, ele diz. Como solução, Pizzolato menciona a diminuição dos Custos Administrativos e Tributários (CAT) cobrados por bancos, o fortalecimento de bancos cooperativos e novas modelagens de financiamento via Cédula do Produtor Rural (CPR).
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“Uma taxa acima de 7% faz os recursos oficiais para equalização virarem fumaça. Também de nada adianta recuperar as áreas degradas, sem investir em infraestrutura, logística e armazenagem. Em comparação com os Estados Unidos, a gente vê que nosso governo precisa contribuir mais com financiamento e seguro agrícola”, afirma o presidente da APROSOJA.
Roberto França, diretor de agronegócio do Bradesco, lembra que o Plano Safra 2023/24 prevê liberação de R$ 436 bilhões, tendo como principais fontes de recursos o depósito à vista dos bancos, poupança rural, LCA, fundos institucionais e recursos do BNDES. Só o depósito à vista, que se refere aos recursos obrigatórios, são R$ 150 bilhões e ainda assim não é suficiente.
“Precisa de mais dinheiro para atender Centro-Oeste, Matopiba, Sul. O mercado de crédito para o agro atingiu R$ 843 bilhões em dezembro de 2022, um aumento de 134% dos últimos três anos, pautado pelo crescimento dos títulos do agro”, afirma França.
De acordo com ele, a adesão de mecanismos cresce de forma acelerada. As CPRs apresentam variação anual positiva de 57%, seguida das Letras de Crédito do Agronegócio (49%), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (28%) e Certificado de Crédito do Agronegócio (23%). Desponta entre as possibilidades, o acréscimo de 170% na adesão dos Fiagros.
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“Os bancos sabem que o agronegócio é muito relevante para a economia brasileira, a gente vai ter que desenvolver outras formas para financiar o setor. Agora, banco não faz taxa de juros, faz spread e o spread bancário para o agronegócio é o menor, um dos melhores entre diversas carteiras”, afirma.
Marcelo Gruber Velasques, gerente de soluções do Banco do Brasil, também acredita que a estruturação de CPRs de longo prazo possa contribuir para injeção de mais recurso à cadeia produtiva.
“Novas fontes de financiamento apresentam uma possibilidade de ampliação da produção. O grande desafio é como conseguimos reduzir essa taxa de juros, pois a atividade do produtor não paga essas taxas”, diz.
É unanimidade entre os especialistas ouvidos pela EXAME Agro a necessidade de haver mais recursos voltados à agropecuária. A participação de atores como bancos comerciais, cooperativas, fintechs, além de instrumentos como FDICs e CPRs, contribuem com a diversificação de fontes.
Neste sentido, cooperativas de crédito fazem uma movimentação discreta e fundamental nos interiores do país. De acordo com a Organização Brasileira de Cooperativas (OCB), são 728 cooperativas de crédito, atendendo a 15,5 milhões de pessoas.
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“Isso equivale a 10% do market share do sistema financeiro nacional, desempenho impulsionado pelo agronegócio, porque o cooperado é provedor e tomador de crédito ao mesmo tempo e isso gira a economia local”, afirma Walmir Segatto, CEO da Sicoob Credicitrus. O aporte para financiar a safra no Brasil é 50% composto por indústrias e tradings, 30% pelo próprio do produtor e o restante se refere ao financiamento público.
Uma das alternativas que ele menciona é buscar fundos soberanos para aportar recursos à agricultura de baixo carbono. Outra opção são as linhas dolarizadas a produtores que operam diretamente na moeda, a fim de proteger os empresários rurais da variação de câmbio.