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Tarifas de Trump podem aumentar custo do setor de suco de laranja em mais de R$ 1 bilhão

EUA são o principal destino do suco brasileiro, respondendo por 37% das importações, diz CitrusBR

 (Imagem gerada por IA/Freepik)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 7 de abril de 2025 às 12h05.

Última atualização em 7 de abril de 2025 às 12h12.

O setor de suco de laranja do Brasil pode pagar mais de R$ 1 bilhão para acessar o mercado dos Estados Unidos, informou nesta segunda-feira, 7, a CitrusBR, entidade que representa a indústria exportadora.

Segundo a associação, a tarifa adicional de 10% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o suco de laranja pode resultar em R$ 100 milhões a mais de impostos pagos pelas exportadoras brasileiras. No total, considerando todos os tributos incidentes sobre a entrada do produto, o valor chega a R$ 1,1 bilhão anual.

Na quarta-feira passada, 2, Trump anunciou uma série de tarifas para países que transacionam com os EUA, visando taxar os produtos importados. O Brasil foi taxado com uma tarifa média de 10%.

Os EUA são o principal destino do suco brasileiro, respondendo por 37% das importações. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela CitrusBR, entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, foram embarcadas 207,2 mil toneladas de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ 66 Brix), com um faturamento de US$ 879,8 milhões.

Com base no desempenho atual da safra 2024/25 e projetando uma exportação anualizada de 235,5 mil toneladas para o mercado americano, o impacto da nova tarifa pode chegar a cerca de US$ 100 milhões por ano, ou R$ 585 milhões, considerando o câmbio de R$ 5,85 por dólar.

Esse valor se soma aos tributos já incidentes, como a tarifa de US$ 415 por tonelada de FCOJ equivalente a 66 Brix. Segundo a CitrusBR, apenas em 2024, esse tributo representou US$ 85,9 milhões em pagamentos. Assim, somando as tarifas atuais e a nova medida, o total de impostos pode alcançar US$ 200 milhões anuais, ou aproximadamente R$ 1,1 bilhão.

Apesar do cenário, a CitrusBR afirma que as empresas brasileiras continuam, de forma individual e com base em suas estratégias comerciais, abastecendo o mercado dos Estados Unidos com suco de laranja de alta qualidade.

“O setor lamenta, no entanto, que a medida tenha sido adotada sem considerar o histórico de complementaridade entre a produção brasileira e a indústria da Flórida, além da relação de longo prazo com empresas engarrafadoras que atuam nos Estados Unidos.”

Exportações brasileiras

Um levantamento divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na última sexta-feira, 4, revelou que o Brasil pode deixar de exportar diversos produtos para os EUA por causa do tarifaço de Donald Trump.

O estudo aponta que o principal produto afetado será o suco de laranja, que atualmente possui uma tarifa de 5,9%. Com a sobretaxa de 10% imposta pelos EUA, a tarifa sobre o suco de laranja saltará para 15,9%.

Até 2023, o Brasil exportava cerca de 1 bilhão de litros de suco de laranja para os Estados Unidos. Porém, com o aumento da tarifa, esse volume deve cair drasticamente para 261 milhões de litros, representando uma redução de 743 milhões de litros.

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