Repórter
Publicado em 11 de novembro de 2025 às 16h06.
As tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump aos produtos brasileiros reduziram os embarques de cafés especiais para a América do Norte em quase 65%, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
Em julho, Trump anunciou uma tarifa de 50% para itens vindos do Brasil, vigente a partir de agosto. Naquele mês, as vendas gerais de produtos brasileiros para os EUA caíram 16,5%. Em setembro, a baixa foi de 20,3% e, em outubro, as exportações despencaram 37,9%.
Das 10 milhões de sacas de cafés finos exportados pelo Brasil, cerca de 2 milhões vão para os Estados Unidos, de acordo com a entidade. A redução das exportações é significativa porque os cafés especiais têm valor agregado mais alto: uma saca de 60 quilos pode ultrapassar os R$ 3.000.
O vice-presidente da BSCA, Luiz Roberto Saldanha, informou que muitos contratos que haviam sido assinados foram suspensos, cancelados ou adiados a pedido dos importadores americanos depois da taxação de 50%.
"Se o tarifaço permanecer, a tendência é que os norte-americanos diminuam, cada vez mais, as importações dos cafés especiais brasileiros e saiam, inclusive, da liderança entre os principais parceiros comerciais do produto no acumulado do ano", disse Saldanha, em nota à EXAME.
Enquanto as tarifas americanas seguem vigentes, os exportadores brasileiros flexibilizaram os preços e os importadores americanos diminuíram suas margens para tentar manter as negociações, segundo a BSCA.
"Hoje, o cenário é brutal, com as negociações em níveis muito inferiores à média", diz o vice-presidente da associação.
A entidade teme que, se o tarifaço se prolongar, os consumidores americanos passem a consumir cafés especiais de outras nacionalidades e o produto brasileiro perca espaço no mercado dos Estados Unidos.
"É crucial que haja alinhamento entre os governos – e é positivo ter havido aproximação recente – para que um acordo ocorra o quanto antes, devolvendo as transações comerciais de café, entre Brasil e EUA, à normalidade", afirma Saldanha.