(Gunter Werk)
Publicado em 29 de julho de 2025 às 16h30.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 17h19.
O setor de carne bovina no Brasil pode perder até US$ 1 bilhão neste ano se a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos for implementada sobre os produtos brasileiros. A avaliação é de Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Perosa explica que a expectativa era de que o Brasil exportasse 400 mil toneladas de carne para os EUA em 2025. Porém, diante da possibilidade da sobretaxa de Donald Trump, esse número pode ficar bem abaixo do projetado. No ano passado, foram enviadas 220 mil toneladas da proteína brasileira para os EUA.
"É um grande impacto para a cadeia, que não tem uma reacomodação imediata. Claro, existem outros destinos para os produtos, mas nenhum com a mesma característica do mercado americano, com esse tipo de corte e essa demanda de volume", afirmou Perosa em entrevista ao Agro em Pauta da EXAME.
De janeiro a junho de 2025, os embarques brasileiros para os EUA cresceram 113% em relação ao primeiro semestre de 2024, totalizando 181,5 mil toneladas, segundo a Abiec. A receita alcançou US$ 1 bilhão, um aumento de 102%.
Segundo o executivo, o setor de carne brasileiro está negociando com os EUA para ficar isento da tarifa de 50% anunciada por Trump, mas ainda não oficializada.
Perosa explicou que a expectativa é de que o governo americano retire a carne brasileira da lista de produtos a receberem a tarifa extra. Atualmente, a carne exportada pelo Brasil é taxada em 36,4% pelos EUA.
"Temos a esperança de que seja tomada uma medida que exclua os alimentos, incluindo a carne e outros produtos do agro brasileiro, para que possamos continuar com esse fluxo de exportação", afirmou Perosa.
Caso a nova tarifa de 50% entre em vigor no dia 1º de agosto, conforme anunciado por Trump, a taxa extra de 10% subirá para 50%, elevando o total cobrado para 76,4%. "Aí, seria inviável enviar carne para os Estados Unidos", disse Perosa.
Nesta terça-feira, 29, Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, afirmou que produtos não produzidos internamente pelos EUA podem entrar no país com tarifa zero. Ele mencionou café, cacau e manga, mas não fez qualquer menção à carne brasileira.