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Sem porteiras: a estratégia da TIM para conectar 20 milhões hectares até o final do ano

De acordo com a operadora, 17,5 milhões de hectares foram conectados com o 4G até o momento

 (Case IH-TIM/Divulgação)

(Case IH-TIM/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 06h01.

Em meados dos anos 2000, a TIM, operadora de telefonia, usava como slogan a frase "Viver sem fronteiras". A ideia da empresa era mostrar que seu sinal teria um grande alcance em todo o território brasileiro.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil – com 8,5 milhões de km² de extensão territorial –, e tendo como um dos principais pilares de sua atividade econômica o agronegócio, ter acesso à conectividade é um dos principais gargalos. E a TIM vê nessa carência uma grande oportunidade de negócio.

Em 2018, a operadora lançou o projeto 4G TIM no Campo, uma iniciativa que tem como objetivo levar sinal de internet à frequência de 700 MHz para áreas rurais. Sem abrir os valores, o diretor de desenvolvimento de mercado IoT & 5G da TIM Brasil, Alexandre Dal Forno, diz que a estratégia é oferecer amplo alcance do sinal de internet a um custo mais baixo para o agricultor.

“Proporcionamos soluções que facilitam a conectividade no campo, algo essencial para o crescimento do agro brasileiro”, disse Dal Forno à Exame.

Entre seus principais clientes estão grandes nomes do agronegócio, como SLC Agrícola, São Martinho, Bunge, Citrosuco, Amaggi e Adecoagro – e os planos são atrair ainda mais nomes relevantes do agro.

O Brasil possui 851,487 milhões de hectares, dos quais 340 milhões são utilizados para atividades agropecuárias – e o acesso à conectividade ainda é um desafio para o setor.

De acordo com o Indicador de Conectividade Rural (ICR), lançado pela ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), apenas 18,8% da área agrícola produtiva do Brasil possuía conectividade adequada para atividades operacionais em 2023.

As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam a maior cobertura, onde 37,4% das propriedades rurais do país estão conectadas, com predominância do sinal 4G.

Segundo Dal Forno, a cobertura da TIM no agronegócio já atingiu 17,5 milhões de hectares desde 2018. A expectativa é encerrar 2024 com 20 milhões de hectares com a cobertura 4G. Além disso, a operadora atende mais de 1,6 milhão de pessoas com o TIM no Campo, que abrange 983 municípios em 15 estados.

Conectividade no agro

Dal Forno explica que a tecnologia 4G é atualmente mais adequada para cobrir grandes áreas rurais do que o 5G por causa de sua frequência mais baixa. Frequências mais baixas, como as usadas pelo 4G, têm melhor penetração através de obstáculos e uma maior capacidade de cobertura em áreas amplas.

Isso significa que o sinal pode alcançar distâncias maiores e penetrar melhor através de paredes e outros obstáculos naturais, como árvores e terrenos irregulares.

Por outro lado, as frequências mais altas do 5G, embora ofereçam maiores velocidades e capacidade, têm uma penetração de sinal mais limitada e alcançam distâncias menores.

“Com o 4G, é possível reduzir o número de torres necessárias para fornecer conectividade em grandes áreas, o que ajuda a diminuir os custos de investimento. Por isso, a abordagem da TIM no setor agropecuário, neste momento, foca no 4G para otimizar a cobertura e a eficiência dos recursos”, reitera Dal Forno.

O primeiro grande exemplo de sucesso citado pela operadora é o projeto Fazenda Conectada Case IH, em parceria com a empresa de maquinário agrícola.

REVISTA EXAME: Conectando pontos: CNH e TIM expandem internet para 1 milhão de hectares

A propriedade, de 3 mil hectares no Mato Grosso, viu sua produtividade crescer 18% de uma safra para outra, afirmou Dal Forno, destacando que "os resultados foram auditados por consultorias agronômicas e econômicas".

“Implementamos conectividade 4G na fazenda e integramos máquinas e sistemas conectados fornecidos pela Case. Além disso, registramos uma redução de 25% no consumo de diesel, um dos principais insumos do setor agropecuário, resultando em uma margem significativamente maior. Um dado particularmente surpreendente foi a redução de 10% na pegada de carbono”, diz o diretor.

De acordo com o diretor, com base nos estudos da Fazenda Conectada, o retorno sobre o investimento (payback) para o produtor é de um a dois anos, com uma média de um ano e meio, o que corresponde a uma safra e meia do agricultor. "O retorno é significativo, considerando que o benefício da conectividade é permanente", avalia Dal Forno.

Mesmo sem citar valores, o diretor destaca que o investimento em conectividade no campo é apenas uma das diversas estratégias da operadora para impulsionar o setor agropecuário no Brasil.

Segundo Dal Forno, a empresa também desenvolve iniciativas para os setores de infraestrutura e logística, sobretudo para rodovias, que são as principais vias para o escoamento das safras do país.

“Investir no agronegócio não só aumenta nossa receita recorrente por meio de contratos de longo prazo, que variam de cinco a dez anos, mas também nos posiciona de forma sólida em um setor crucial para o PIB brasileiro”, finaliza Dal Forno.

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