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Rui Costa ajusta discurso sobre a inflação dos alimentos e afasta hipótese de intervenção direta (Lula Marques/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 07h44.
As falas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na última quarta-feira, 22, provocaram especulações ao sinalizar possíveis "intervenções" no mercado para combater a inflação dos alimentos. O ministro havia afirmado que propostas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) seriam implementadas no primeiro bimestre, mas horas depois recuou, dizendo que as medidas ainda estão "em estudo".
Durante o programa "Bom Dia, Ministro", transmitido pela EBC, Costa declarou: “Vamos fazer algumas reuniões com o ministro da Agricultura, com o ministro do Desenvolvimento [...] e buscar um conjunto de intervenções que sinalizem para o barateamento dos alimentos.”
A afirmação gerou reações imediatas de integrantes do governo, como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que negou haver estudos consolidados sobre as sugestões da Abras. “Não tem estudos ainda sobre o que o governo vai fazer em relação às medidas apresentadas pela Abras”, disse Teixeira ao jornal O Globo.
À noite, em entrevista à CNN Brasil, Rui Costa esclareceu que o governo não pretende intervir nos preços, mas sim adotar medidas que aumentem a oferta de alimentos. Ele ainda reafirmou que as propostas da Abras, como a flexibilização de prazos de validade para alimentos, ainda não têm definição.
“Para não ter ruído de comunicação, vamos substituir a palavra intervenções por medidas”, disse o ministro. Sobre a flexibilização das datas de validade, Costa foi enfático:
“Não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica ser adotada [...] para alimentos, não faz parte da nossa cultura e não está no nosso cenário.”
Além das mudanças nos prazos de validade, a Abras sugeriu:
Entre as propostas, a que mais ganhou tração foi o PAT eSocial, estimado pela Abras como capaz de gerar economia de R$ 10 bilhões ao ano. No entanto, a medida enfrenta resistência de setores como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que contesta os cálculos.
O presidente Lula também tem pressionado por soluções rápidas, mas as pastas de Agricultura e Desenvolvimento Agrário divergem sobre as causas da inflação. Enquanto ministros apontam a alta do dólar como fator central, Lula estaria mais alinhado com a visão da Fazenda, que vê outros componentes na elevação dos preços.