Plantação de soja (Gary Conner/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 7 de maio de 2025 às 20h12.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 20h45.
A BrasilAgro apresentou um prejuízo líquido de R$ 1,1 milhão no terceiro trimestre fiscal de 2025. No mesmo período de 2024, a companhia teve um prejuízo de R$ 30,1 milhões. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 7.
O CEO da companhia, André Guillaumon, atribuiu a melhora anual à boa performance das culturas de soja e algodão, que impulsionaram a receita líquida de vendas para R$ 170,3 milhões, marcando um crescimento de 40% em relação ao ano anterior.
Apesar do lucro líquido positivo, o EBITDA ajustado da empresa foi negativo, somando R$ 5,1 milhões, impactado por derivativos financeiros e pela desvalorização do real frente ao dólar — esses fatores afetaram negativamente a rentabilidade operacional da BrasilAgro, que não conseguiu atingir os resultados esperados.
Guillaumon explicou que o desempenho abaixo do esperado da soja foi um dos principais responsáveis pela queda no EBITDA. A má qualidade do grão, que foi prejudicado pelas condições climáticas desfavoráveis, limitou a margem de contribuição gerada pela produção.
"Quando analisamos a margem de contribuição gerada por essa soja, podemos ver que ela não foi tão significativa quanto gostaríamos, já que não conseguimos obter o desempenho esperado com essa produção", afirmou o executivo.
Embora o lucro líquido tenha sido positivo, os desafios relacionados à gestão de riscos cambiais e aos custos de produção continuaram a impactar os resultados operacionais da empresa.
A companhia adotou uma estratégia comercial "prudente" para a soja, decidindo "carregar" os grãos para o segundo semestre de 2025, a fim de aproveitar uma possível valorização do câmbio e os prêmios de mercado, principalmente em função das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os prêmios da soja, que representam a diferença entre os preços da soja no mercado internacional (como a Bolsa de Chicago) e os preços praticados no Brasil, foram favoráveis para a BrasilAgro, impactados pela tarifa imposta pela gestão americana.
"Já sabíamos, mesmo antes da mudança tarifária, que a nova gestão americana traria um benefício aos prêmios no nível do Brasil. Se mantivermos uma diplomacia estratégica, poderemos nos beneficiar marginalmente, e é isso que estamos observando", afirmou Guillaumon.
O crescimento da receita foi impulsionado principalmente pelas culturas de grãos, com a soja registrando um aumento de 21% nas receitas e o algodão apresentando um crescimento de 44%.
A divisão de cana-de-açúcar também teve bom desempenho, com uma alta de 43%.
Outro ponto positivo foi a valorização dos ativos biológicos, com um crescimento de 61% nos ativos relacionados a grãos e cana-de-açúcar, refletindo o bom desempenho das culturas e a gestão eficiente das propriedades rurais da companhia.
A expansão do patrimônio líquido da BrasilAgro foi um dos marcos do trimestre, totalizando R$ 2,17 bilhões, uma leve redução em comparação aos R$ 2,18 bilhões registrados em junho de 2024.
A base de ativos também cresceu 10%, alcançando R$ 3,97 bilhões, refletindo a valorização das terras agrícolas e a expansão da área cultivada.