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A safra recorde de arroz no Brasil é impulsionada pela expansão no Centro-Oeste e avanços em melhoramento genético pela Embrapa. ( Creativ Studio Heinemann/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 09h31.
Depois de seis anos, o Brasil deve voltar a colher uma safra recorde de arroz, movimentando regiões como o Centro-Oeste e o Sudeste, além de consolidar a liderança do Sul na produção do cereal. A safra 2024/25 é vista com otimismo por agricultores e analistas do setor, já que a alta nos preços do arroz em relação a outras culturas fez com que muitos produtores revisassem suas estratégias e voltassem a investir no grão. As informações são da TV Globo.
O Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, é responsável por cerca de 70% de todo o arroz cultivado no país. Na nova safra, os produtores gaúchos vão aumentar em quase 10% a área destinada ao cultivo do cereal. Esse movimento de expansão tem como base a garantia de comercialização do arroz a preços considerados justos para os produtores. Segundo Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o planejamento e os cálculos prévios dos agricultores pesaram na decisão de ampliar a produção.
"Estamos trabalhando para assegurar a comercialização e garantir um preço justo aos produtores, o que incentivou a aposta em uma maior produção de arroz nesta safra," explica Pretto, em entrevista ao Jornal Nacional. Esse cenário favorável atrai também o interesse de outras regiões, como o Centro-Oeste, onde o cultivo de soja e milho domina. Nesta safra, no entanto, alguns agricultores decidiram reduzir áreas desses grãos para abrir espaço ao arroz. O Sudeste também tem aumentado seu interesse no cereal, aproveitando o mercado favorável.
A remuneração tem sido um fator crucial para essa mudança de foco. Atualmente, o quilo do arroz é vendido a R$ 2,36, enquanto o da soja vale R$ 2,16 e o do milho R$ 0,81. A diferença atrai produtores de diversas regiões que buscam diversificar suas produções para aumentar a rentabilidade.
A busca por uma safra recorde é impulsionada também pelo avanço tecnológico. Nas últimas cinco décadas, a Embrapa vem desenvolvendo sementes de arroz com maior resistência a doenças e melhores índices de produtividade, possibilitando cultivos mais eficientes e com menor uso de recursos. As variedades mais modernas podem produzir até 9 toneladas por hectare em apenas 100 dias, o que demonstra o impacto da tecnologia no aumento da eficiência. Esses resultados são fruto do manejo qualificado dos produtores, aliado ao uso de cultivares desenvolvidas com técnicas de melhoramento genético.
Em uma fazenda localizada em Bela Vista de Goiás, o impacto das novas tecnologias já é evidente. O proprietário, que havia plantado 86 hectares irrigados na safra anterior, decidiu expandir a área para 200 hectares devido ao sucesso do plantio de arroz no último ano. Os resultados dessas pesquisas incentivam cada vez mais produtores a adotarem o arroz como uma alternativa viável, especialmente em regiões onde o cultivo é menos tradicional. O avanço da produção no Centro-Oeste e o aumento do interesse pelo grão no Sudeste destacam o potencial do arroz como uma fonte de renda estratégica para a agricultura brasileira.
Para muitos agricultores, o arroz se tornou uma oportunidade de diversificação e de resposta às incertezas dos mercados de soja e milho. Com uma demanda consistente no mercado interno e a possibilidade de exportações, o grão volta ao protagonismo no cenário agrícola do país, em um momento em que a busca por eficiência e rentabilidade é prioridade para o setor. Se as condições climáticas forem favoráveis, o Brasil poderá celebrar uma das maiores colheitas de arroz da história recente, impulsionada pelo alinhamento de preços e pelo avanço tecnológico.