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Produção de café no Brasil deve cair 4,4% na safra 2024/25, pressionando — ainda mais — os preços

A queda na produção reflete o ciclo de baixa bienalidade, agravado pela seca e pelas altas temperaturas que comprometeram a floração no ano passado

 (Carolina Gehlen/Exame)

(Carolina Gehlen/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 09h55.

Última atualização em 28 de janeiro de 2025 às 09h56.

O Brasil deverá produzir 51,8 milhões de sacas de café beneficiado em 2025, de acordo com o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira, 28. Caso confirmado, o volume representará uma queda de 4,4% em relação à safra anterior.

O recuo na produção acontece em um ano marcado pelo ciclo de baixa bienalidade, além dos impactos negativos da seca e das altas temperaturas durante as fases de floração no ano passado.

A baixa bienalidade é um fenômeno natural observado principalmente no cultivo do café, caracterizado pela alternância de anos com alta e baixa produção. O ciclo ocorre por causa do próprio comportamento das plantas, que alternam entre um ano de grande esforço produtivo (alta bienalidade) e um ano de recuperação, no qual produzem menos (baixa bienalidade).

Como resultado, a produtividade média nacional deve alcançar 28 sacas por hectare, uma redução de 3% em comparação ao rendimento registrado em 2024.

Para o café arábica, a estimativa aponta uma produção de 34,7 milhões de sacas, uma queda de 12,4% em relação ao ano anterior — o desempenho reflete o ciclo de baixa bienalidade e as adversidades climáticas, especialmente em Minas Gerais, maior produtor do país.

Por outro lado, a produção do café conilon deverá alcançar 17,1 milhões de sacas, um crescimento de 17,2%, impulsionado principalmente pelos bons resultados no Espírito Santo, estado que responde por 69% da produção nacional dessa espécie.

Preços do café

A safra global de café para 2024/25 aponta para um cenário de maior restrição na oferta, com estoques em patamares historicamente baixos e demanda crescente no mercado internacional, o que deve pressionar, ainda mais, os preços.

As cotações do café arábica e do robusta têm apresentado elevações expressivas nas bolsas de Nova Iorque e Londres, respectivamente.

A produção mundial está estimada em 174,9 milhões de sacas, um aumento de 4,1% em relação à safra anterior, enquanto o consumo global deve atingir 168,1 milhões de sacas. Os estoques finais estão projetados em apenas  20,9 milhões de sacas — o menor volume das últimas 25 safras, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)

Produção de café no Brasil

Segundo a Conab, os estados produtores de café no Brasil enfrentam cenários contrastantes na safra atual. Minas Gerais, maior produtor nacional, deve colher 24,8 milhões de sacas, uma queda de 11,6% em relação ao ano anterior, resultado do ciclo de baixa bienalidade e da seca prolongada que antecedeu a floração.

No Espírito Santo, segundo maior produtor do país, a expectativa é de alta de 9%, com produção estimada em 15,1 milhões de sacas. A produção de café conilon no estado deve crescer 20,1%, totalizando 11,8 milhões de sacas, favorecida pelas chuvas entre julho e agosto, que estimularam a florada e garantiram um bom potencial produtivo — por outro lado, o arábica no estado deve recuar 18,1%.

O estado de São Paulo, exclusivamente produtor de arábica, projeta uma colheita de 4,6 milhões de sacas, uma redução de 15,3%, atribuída à baixa bienalidade  e às condições climáticas adversas.

Na Bahia, a produção total deverá crescer 11,3%, alcançando 3,4 milhões de sacas, divididas entre 2,2 milhões de conilon e 1,2 milhão de arábica, enquanto em Rondônia, estado exclusivamente produtor de conilon, a estimativa é de 2,2 milhões de sacas, representando um aumento de 6,5%.

Paraná e Rio de Janeiro, focados na produção de arábica, devem colher 675,3 mil e 373,7 mil sacas, respectivamente. Em Goiás e Mato Grosso, os efeitos da bienalidade negativa e das condições climáticas desfavoráveis devem reduzir a produção, estimada em 195,5 mil e 267,6 mil sacas, respectivamente.

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