EXAME Agro

Preços vão cair? Maior produtora mundial de azeite sinaliza recuperação após crise histórica

Após duas safras críticas, a produção elevada reduz os preços e reacende o otimismo no setor

 (Royalty-free/Getty Images)

(Royalty-free/Getty Images)

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 16h02.

Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 16h22.

A espanhola Deoleo, maior produtora mundial de azeite de oliva, informou nesta quinta-feira, 7, que o setor começa a se recuperar depois de enfrentar dois anos consecutivos de baixa na produção e forte pressão sobre os preços. O cenário atual é resultado direto de uma colheita abundante registrada na Safra 2024/2025, principalmente na Espanha, maior produtora da commodity.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura da Espanha, o país produziu 1,41 milhão de toneladas de azeite de oliva neste ciclo — um aumento de aproximadamente 65% em relação às 855,6 mil toneladas da safra anterior. Apesar de o volume ter ficado abaixo do inicialmente previsto, foi suficiente para restaurar a confiança no setor e provocar uma queda nos preços tanto no atacado quanto no varejo.

Segundo a Deoleo, os preços da matéria-prima caíram cerca de 50% em relação ao ano anterior, efeito direto do aumento da oferta. "A recuperação significativa da colheita de azeite — principalmente na Espanha — já está se traduzindo em condições de fornecimento mais estáveis, e isso está tendo um impacto direto nos preços na origem", afirmou o CEO da empresa, Cristóbal Valdés, em declaração à CNBC.

Cenário atual e projeções da indústria

A recuperação ocorre após um período descrito pela empresa como um dos mais desafiadores da história do setor. Segundo Valdés, "o que antes era um dos períodos mais desafiadores da nossa história — marcado pela escassez de matérias-primas, alta volatilidade de preços e consumo em declínio — agora está dando lugar a um cenário de mercado mais normalizado e promissor".

Nos últimos dois anos, o setor foi impactado por uma combinação de fatores, incluindo condições climáticas extremas, inflação elevada e altas taxas de juro, fenômenos atribuídos às mudanças climáticas. Essa combinação provocou forte instabilidade em toda a cadeia produtiva e elevou os preços do azeite de oliva a patamares recordes.

Com a melhoria nas condições de produção e fornecimento, a Deoleo conseguiu reduzir os preços de seus produtos nos supermercados, o que, segundo a empresa, estimulou a retomada da demanda. "Nossa perspectiva é, portanto, cautelosamente otimista: prevemos um mercado mais equilibrado, onde preços responsáveis e foco no valor serão essenciais para sustentar o crescimento e garantir a saúde da categoria a longo prazo", afirmou o CEO.

A empresa também anunciou que dobrou seu orçamento de publicidade e promoção, que passou a € 10 milhões no segundo semestre de 2025. Para Valdés, a estratégia inclui esforços de comunicação e marketing para reforçar o papel do azeite de oliva como produto básico no consumo diário.

A produção de azeite de oliva se concentra majoritariamente nos países do Mediterrâneo, com destaque para Espanha, Itália e Grécia. Os preços estabelecidos no mercado espanhol funcionam como referência global e afetam diretamente as negociações internacionais da commodity.

Acompanhe tudo sobre:AzeitesPreçosSafra 2024/25

Mais de EXAME Agro

Com peso valorizado, frigoríficos argentinos recorrem à carne importada

Setor de mel sugere que governo arque com tarifa de 50% de Trump para manter as cadeias de produção

Produtores gaúchos vencem o frio e cultivam café em pleno inverno

'Etanol de tequila': planta mexicana poderá ser usada na produção de biocombustível no Brasil