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Preços do café devem amargar novas altas nos próximos meses — e podem subir até 25%

Alta da demanda e queda na oferta pressionam o mercado, enquanto a indústria repassa custos ao consumidor

O preço médio do café tradicional, um dos mais consumidos pelos brasileiros, fechou 2024 em R$ 48,90, registrando um aumento de 39% em relação a 2023 (Freepik/Freepik)

O preço médio do café tradicional, um dos mais consumidos pelos brasileiros, fechou 2024 em R$ 48,90, registrando um aumento de 39% em relação a 2023 (Freepik/Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 10h52.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2025 às 11h01.

Os preços do café devem amargar novas altas nos próximos meses. A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que estima um aumento de 25% no período.

“Devemos ter aumento adicional no preço final. A indústria não tem como evitar esse aumento e repassou os valores para os intermediários e consumidores finais. [Então ainda haverá impacto no valor pago pelo consumidor]”, diz Pavel Cardoso, presidente da Abic.

O preço médio do café tradicional, um dos mais consumidos pelos brasileiros, fechou 2024 em R$ 48,90, registrando um aumento de 39% em relação a 2023, segundo a Abic. Atualmente, o valor gira em torno de R$ 50 por quilo — e a tendência é de novos reajustes, uma vez que a demanda segue em alta, enquanto a oferta deve recuar nos dois principais produtores mundiais: Brasil e Vietnã.

Desde 2021, as safras de café têm sido impactadas por fatores climáticos prejudiciais, resultando em colheitas menores e pressão sobre os preços diante do aumento da demanda global.

Segundo a Abic, a indústria enfrentou um aumento de custos maior do que o repassado ao consumidor e deve transferir parte desse impacto ainda no primeiro trimestre de 2025 — a alta no custo da matéria-prima foi de 224% entre 2021 e 2024.

A produção de café do Brasil em 2025 deve atingir 51,8 milhões de sacas de 60 kg, uma queda de 4,4% em relação a 2024, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Além do ciclo de baixa bienalidade, a safra do maior produtor e exportador global de café deve ser afetada por adversidades climáticas, como restrição hídrica e altas temperaturas nas fases de floração, impactando a produtividade, segundo a Conab.

A estimativa da Abic é de que os preços do café devem continuar voláteis até a próxima safra, em 2026, quando pode haver estabilidade.

Consumo de café no Brasil

Apesar do cenário inflacionário, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024. No total, foram consumidas 21,9 milhões de sacas de 60 kg em 2024, equivalente a 40,4% da safra do ano passado — em média, a Abic calcula que o consumo per capita de café em 2024 seja de 1.430 xícaras por pessoa.

O mercado interno gerou uma receita de R$ 36,82 bilhões para a indústria cafeeira, um crescimento de 60,85% em relação a 2023 (R$ 22,89 bilhões). No entanto, mais de 60% da produção de café brasileiro é destinada ao mercado externo, consolidando a exportação como principal destino da commodity.

O Brasil continua sendo o segundo maior consumidor de café do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em volume absoluto, segundo a Abic. No último levantamento, o consumo dos norte-americanos superou o dos brasileiros em 4,1 milhões de sacas.

Por outro lado, quando analisado o consumo per capita, o Brasil se destaca. Entre novembro de 2023 e outubro de 2024, cada brasileiro consumiu, em média, 6,26 kg de café cru por ano, enquanto nos EUA o consumo per capita foi de 4,9 kg no mesmo período.

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