Japão: Os preços do arroz nos supermercados japoneses atingiram uma média de 4.260 ienes (US$ 29,62) por 5 kg (11 libras) na semana encerrada em 25 de maio, quase o dobro do nível do ano anterior. (Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 6 de junho de 2025 às 15h13.
Última atualização em 6 de junho de 2025 às 16h30.
A falta de arroz no Japão fez os preços do grão dispararem no país asiático. Segundo o jornal Financial Times, o preço médio de uma saca de 60 kg de arroz colhido em 2024 atingiu o recorde de mais de US$ 184, ou R$ 1.029, enquanto o pacote de 5 kg nos supermercados dobrou de valor na semana encerrada em 25 de maio, em comparação ao mesmo período de 2024, alcançando US$ 29,62, ou R$ 172,40.
A reportagem do jornal britânico diz que, embora o Japão não esteja sem estoque, o país ainda não se recuperou da colheita ruim de 2023, que coincidiu com o fim do longo período de deflação japonesa e com uma maior disposição dos varejistas para aumentar os preços.
Além disso, os consumidores correram para acumular o produto, além da retenção de estoque por parte dos atacadistas.
O Japão possui há quase 30 anos uma reserva de arroz para emergências, que incluem colheitas abaixo do esperado, desastres meteorológicos ou terremotos.
Porém, esta é a primeira vez que o governo recorre à reserva em função das pressões no preço deste cereal indispensável na alimentação japonesa.
O país tem um limite de 100 mil toneladas métricas por ano de importações de arroz básico "de acesso mínimo" isentas de tarifas, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).
À medida que os preços do arroz doméstico dispararam, a demanda por arroz estrangeiro mais barato aumentou, mesmo para importações fora dessa cota isenta de tarifas.
No final de maio, o governo japonês recorreu a sua reserva estratégica, e, quando parte dessa reserva foi colocada à venda no fim de semana passado, formaram-se enormes filas de várias horas em supermercados de todo o país.
Nos supermercados de todo o país, os preços do arroz atingem níveis recordes, as prateleiras estão vazias ou quase vazias e muitas lojas exibem cartazes sugerindo que os clientes com pouco dinheiro procurem carboidratos mais baratos, como pão e macarrão.
Segundo o Financial Times, o efeito colateral da escassez e do aumento dos preços foi criar uma forte competição entre as cooperativas compradoras de arroz — que controlam cerca de 40% do mercado japonês —, os atacadistas e outros compradores em grande escala, como redes nacionais de restaurantes e fabricantes de alimentos.
A produção aumentou em 2024, mas os grupos que abastecem as empresas alimentícias e os supermercados receberam 200 mil toneladas a menos que o habitual, forçando os produtores a recorrer a circuitos alternativos.
As autoridades suspeitam que intermediários segurem os estoques para lucrar mais, esperando que os preços subam antes de vender.
A produção de arroz beneficiado do Japão deve atingir 7,28 milhões de toneladas no ano comercial 2025/26 (novembro de 2025 a outubro de 2026), ante 7,294 milhões na safra anterior, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Os maiores produtores de arroz do mundo, em ordem de produção, são: China, Índia, Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar e Filipinas. A China e a Índia, juntas, respondem por mais da metade da produção mundial.
O Japão não está na lista em razão da escassez de território disponível para a produção em larga escala.