Apoio:
Porto de Itaqui, no Maranhão: Brasil comprou alto volume de fertilizantes (Leandro Fonseca/Exame)
Bloomberg
Publicado em 5 de outubro de 2022 às 09h08.
Agricultores no Brasil, um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo, têm evitado novas compras de fertilizantes em meio à disparada dos preços dos nutrientes agrícolas.
O volume de fertilizantes no país é tão alto que cargas estão sendo rejeitadas. Um exemplo: no mês passado, a produtora de fertilizantes suíça Ameropa desviou para os EUA um carregamento de 17.416 toneladas de fosfatados porque os silos no Brasil estavam repletos. Além disso, a demanda de agricultores por produtos químicos é cada vez menor.
A embarcação, Amalea, chegou ao Porto de Paranaguá em 13 de setembro, mas partiu nove dias depois, depois que a Ameropa solicitou uma licença de exportação para enviar o carregamento para Nova Orleans, um importante hub de fertilizantes nos EUA. A empresa não respondeu a um pedido de comentário.
A medida marca um grande giro em um país que importou um volume recorde de fertilizantes este ano. Fabricantes de fertilizantes receberam uma quantidade sem precedentes de pedidos para garantir que agricultores brasileiros tivessem insumos suficientes para expandir a área plantada em meio à alta dos preços dos grãos e à invasão da Ucrânia pela Rússia, que ameaçava interromper o abastecimento global.
Agricultores brasileiros, que enfrentaram preços elevados de insumos agrícolas no início do ano, planejam reduzir o uso de fertilizantes justo em um momento de ampla oferta. Nesse contexto, as cotações de fertilizantes despencaram no mercado brasileiro.
“Com os preços em níveis recordes, os agricultores decidiram reduzir os pedidos para proteger as margens”, disse Marina Cavalcante, analista do Green Markets, da Bloomberg. Agricultores podem prescindir da aplicação de fertilizantes fosfatados sem comprometer a produtividade, já que o solo pode reter esse nutriente por um ano, explicou.
Veja também: