Redação Exame
Publicado em 28 de julho de 2025 às 08h45.
Última atualização em 28 de julho de 2025 às 08h48.
Autoridades dos Estados Unidos estão em estado de alerta máximo diante do avanço do parasitário New World screwworm (conhecida como "praga devora-carne"), que se aproxima rapidamente da fronteira com o México. Mais de 90 mil infestações foram registradas desde 2023 na América Central e no México, com casos detectados recentemente em Oaxaca e Veracruz, a cerca de 700 milhas do Texas, de acordo com o The New York Times.
Embora não exista, até julho de 2025, uma explosão de casos confirmados em território norte-americano, o risco é considerado elevado. O Departamento de Agricultura (USDA, na sigla em inglês) suspendeu novamente a importação de bovinos, cavalos e bisões do México, como medida preventiva, e reforçou a vigilância sanitária em áreas próximas à fronteira.
Para conter o avanço, foi iniciado um programa de dispersão de moscas estéreis no Texas e anunciada a modernização de uma fábrica no México capaz de produzir entre 60 e 100 milhões de moscas por semana.
Ainda assim, especialistas alertam que o país precisaria de pelo menos 600 milhões de moscas estéreis liberadas semanalmente para controlar uma infestação, volume similar ao empregado em campanhas de erradicação nas décadas passadas.
A ameaça surge em um momento delicado para o setor pecuário. O rebanho bovino norte-americano está no menor nível desde 1952, pressionado por secas e custos altos de alimentação. O preço médio da carne moída atingiu um recorde em maio, de US$ 5,98 por libra, e um surto do parasita poderia elevar ainda mais os custos.
O screwworm, cujo nome científico significa “devorador de carne”, pode matar um animal em até duas semanas. As larvas se alimentam do tecido de feridas abertas, causando sofrimento e perdas significativas no rebanho. Antes de sua erradicação no país, em meados do século XX, a praga provocava perdas anuais de até US$ 20 milhões à pecuária.
No Congresso, o senador John Cornyn, do Texas, propôs um financiamento de US$ 300 milhões para a construção de uma nova fábrica de produção de moscas estéreis em território americano.
O estado do Texas também avalia usar recursos próprios para acelerar a resposta, enquanto as autoridades estaduais organizam equipes conjuntas de emergência.
Segundo o comissário de Agricultura do Texas, Sid Miller, o parasita pode alcançar o estado "em até quatro meses" se o ritmo atual de disseminação continuar.