EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313
GOV. MT 500X313
Logo Engie preto
btgpactual-advisors_fc7f32

Por que o mamão está tão caro?

Clima, pragas, custo de produção e área explicam a alta da fruta. Mamão papaia está 90% mais caro

 (Jasmina81/Thinkstock)

(Jasmina81/Thinkstock)

Iara Siqueira
Iara Siqueira

Repórter freelancer de Agro

Publicado em 26 de julho de 2023 às 16h48.

Última atualização em 26 de julho de 2023 às 17h30.

Desde o começo do ano, quem consome mamão está se deparando com os preços altos da fruta nas feiras e supermercados. Não é para menos. Uma série de fatores têm diminuído a oferta das variedades formosa e papaia. Custos de produção, clima, doenças e redução do tamanho de área cultivada explicam o motivo de o alimento estar caro.

De acordo com dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o preço médio do quilo do mamão formosa em julho de 2023 é de R$ 6,99, enquanto o mamão papaia é comercializado a R$ 8,58.

No mesmo período em 2022, a média por quilo era R$ 6,47 e R$ 4,40, respectivamente, o que representa aumento atual de 2% e 91%.

Bruno Pessotti, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), afirma que “está faltando mamão porque houve uma redução expressiva no plantio no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia”.

Leia também: Preço do boi gordo cai no Brasil, enquanto EUA registra menor rebanho em 50 anos

Covid, China e sementes

Este é o caso do produtor Jarbas Alexandre Nicoli Filho, em 30 hectares, no Sítio Jaguaré, Espírito Santo. Após um período de pausa no cultivo durante a covid-19, agora ele está voltando a investir na área cultivada. “Na época da pandemia, não tinha para quem vender”, ele afirma.

Além de faltar demanda, por conta do fechamento de estabelecimentos e a mudança nos hábitos de consumo, a semente do mamão papaia importada ficou mais cara.

"Houve uma grande falta [de semente] por serem importadas da China, causando um período com pouca produção e alta de preço, pois não havia semente para plantar”, afirma o produtor Fabricio Leme.

Ele e o irmão Alessandro Leme, proprietários da Leme Frutas, tentam driblar o custo de produção, cultivando em cerca de 350 hectares divididos entre os tipos formosa e papaia. Ao total, o rendimento varia entre 5 mil e 7 mil toneladas de mamão por ano no sul da Bahia.

Juntos, Espírito Santo e Bahia são responsáveis por 70% de toda a produção nacional. A produtividade capixaba, em 2022, foi de 902 mil toneladas, segundo a Ceagesp. Com isso, o estado do Sudeste é o maior exportador brasileiro. A cidade de Linhares, no norte do Espírito Santo, é conhecida como a capital nacional de exportação do mamão.

Veja também: Com produção em alta, preço do abacate atinge menores níveis desde 2010

Mamão, café e o clima

Embora a atividade esteja com margens apertadas, o mamonicultor Jarbas Filho explica que vale o investimento de retornar ao cultivo, pensando nos benefícios para a área consorciada com o café. Na região produtora, é comum dividir a terra para plantar as duas culturas simultaneamente.

Na Bahia, os administradores da Leme Frutas também têm o mamão consorciado com café conilon, a fim de aumentar a rentabilidade dos negócios. A tese por trás também está no clima, já que o preparo do solo é praticamente o mesmo para os dois cultivos e isso contribui para a resiliência climática ao longo da safra.

Nos meses de novembro e dezembro de 2022, as chuvas em algumas regiões capixabas passaram de 1,1 mil milímetros, fazendo com que a cultura ficasse alagada e houvesse quebra de safra. Além disso, a umidade contribuiu para o desenvolvimento de fungos.

Jarbas Filho atribui aos vírus mosaico e meleira os problemas fitossanitários da cultura, levando a perdas de até 100% da área, “o que contribui diretamente no preço do produto", diz. Outro desafio enfrentado é o período de inverno, já que a maturação da fruta acaba demorando mais devido ao frio e atrasa a oferta aos consumidores.

Acompanhe tudo sobre:AgropecuáriaFrutasAgronegócioExame-Agro

Mais de EXAME Agro

Após renúncia de executivos, Agrogalaxy entra com pedido de recuperação judicial

Broto, do BB, anuncia Evaldo Gonçalo como novo CEO

JBS vai produzir biogás com empresa dos EUA

O boom dos mirtilos no Peru: uma revolução agrícola que transformou o mercado global