(Valter Campanato/Agência Brasil)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 30 de junho de 2025 às 06h05.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançará nesta segunda-feira, 30, o Plano Safra 25/26 para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, a expectativa é que o volume a ser disponibilizado atinja um novo recorde.
A declaração foi feita na última quinta-feira, 26, após uma reunião com o presidente Lula e membros do alto escalão do governo — o ministro, no entanto, não revelou os valores. "A reunião foi positiva," afirmou Teixeira. Na safra 2024/25, o montante disponibilizado pelo Pronaf foi de R$ 76 bilhões.
O valor a ser disponibilizado pelo novo Plano Safra enfrentou desafios entre os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento Agrário e Agricultura e Pecuária. A falta de espaço no orçamento de 2025, além da taxa básica de juros (Selic) de 15% ao ano, foram os principais obstáculos, disseram à EXAME auxiliares do governo.
Na sexta-feira, 27, fontes que atuaram na elaboração do Plano Safra 25/26 confirmaram à EXAME que o governo aumentará a taxa de juros de todas as linhas de financiamento, incluindo as do Pronaf.
Segundo interlocutores do Planalto, a decisão foi tomada em função da a Selic em 15% ao ano, e do orçamento menor para 2025, como adiantado pela EXAME no final de abril.
"O aumento nas taxas já está definido. Tivemos que adequar o Plano Safra ao orçamento," afirmou um auxiliar do governo. O aumento das taxas deve variar até 2,5 pontos percentuais.
O Plano Safra, principal política pública agrícola do Brasil, depende de linhas de crédito subsidiadas para financiar a produção agropecuária e apoiar os produtores rurais na aquisição de insumos, sementes, máquinas e equipamentos.
Quando as taxas de juros estão altas, o custo do crédito aumenta, mesmo para as linhas subsidiadas. Isso ocorre porque, embora o governo ofereça juros mais baixos para os produtores, a taxa básica de juros influencia diretamente a rentabilidade dessas linhas.
Com juros elevados, as instituições financeiras podem repassar parte desses custos ao setor agrícola, tornando o financiamento mais caro e mais difícil de ser acessado.
O aumento dos juros em todas as linhas de financiamento estava sendo discutido há algum tempo no setor. A expectativa, no entanto, era de que os recursos destinados ao Pronaf ficassem de fora.