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Plano Safra 2025/26: governo prepara aumento de juros em todas as linhas de financiamento

Fonte ligada ao Palácio do Planalto confirmou à EXAME que o governo estuda subir os juros, mas ainda não decidiu sobre a magnitude do reajuste

Plano Safra 2025/26: todas as linhas de crédito devem ter aumento, dizem fontes

Plano Safra 2025/26: todas as linhas de crédito devem ter aumento, dizem fontes

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 28 de abril de 2025 às 13h26.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 13h48.

RIBEIRÃO PRETO* O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve aumentar os juros de todas as linhas de financiamento do Plano Safra 2025/26, disse à EXAME uma fonte ligada ao Palácio do Planalto.

"A possibilidade está na pauta e eu acho que deve acontecer, mas não consigo antecipar o quanto seria", afirmou.

O aumento nos juros da principal política agrícola do país também foi tema da 30ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira, 28, Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander, afirmou que, na semana passada, se reuniu com instituições financeiras e interlocutores do governo para discutir o assunto.

Segundo Aguiar, todas as linhas do Plano Safra para a próxima temporada deverão ter um aumento, com exceção das voltadas para micro e pequenos produtores.

"A exceção será para algumas linhas específicas, como microcrédito ou o financiamento para produtores do Pronaf. Para os menores produtores, o impacto será menor, mas para as linhas gerais, que qualquer um pode acessar, um aumento de até 1,5% é esperado", afirmou o executivo.

O Plano Safra, principal política pública agrícola do Brasil, depende de linhas de crédito subsidiadas para financiar a produção agropecuária e apoiar os produtores rurais na aquisição de insumos, sementes, máquinas e equipamentos. Quando as taxas de juros estão altas, o custo do crédito aumenta, mesmo para as linhas subsidiadas.

Isso ocorre porque, embora o governo ofereça juros mais baixos para os produtores, a taxa básica de juros influencia diretamente a rentabilidade dessas linhas. Com juros elevados, as instituições financeiras podem repassar parte desses custos ao setor agrícola, tornando o financiamento mais caro e mais difícil de ser acessado.

A Lei Orçamentária Anual deste ano, recentemente aprovada no Congresso, não prevê aumento nos valores destinados a essas operações pelo Tesouro Nacional. Assim, os recursos permaneceram em R$ 15,03 bilhões, o mesmo patamar do ano passado.

Em março, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos, afirmou, durante o SuperAgro, evento da EXAME em Campo Grande, que o montante a ser liberado pelo governo para cobrir as operações do Tesouro Nacional deveria ser de cerca de R$ 24 bilhões.

Na temporada 2024/25, o governo disponibilizou R$ 441,3 bilhões para o plano.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou ao Mapa, na quinta-feira, 24, suas propostas para o Plano Safra 2025/26, que terá início em 1º de julho deste ano e vai até 30 de junho de 2026. Entre as principais solicitações, a CNA pede R$ 594 bilhões em recursos financiáveis para a próxima temporada, um aumento de 24,64%.

O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, entregou ao secretário Guilherme Campos, um documento com as sugestões para o plano agrícola e pecuário, abrangendo tanto a agricultura empresarial quanto a familiar.

Aumento do Plano Safra

Durante a abertura da Agrishow, no domingo, 27, o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou que o governo liberará R$ 80 bilhões em crédito para inovação no agronegócio, com juros de 4% ao ano, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo ele, o agronegócio brasileiro vive um bom momento, e a safra 2024/25 deve ser recorde. A linha de crédito será destinada a financiar projetos de tecnologia e modernização na agricultura.

Sobre o próximo Plano Safra, Alckmin afirmou que está trabalhando para a liberação de mais recursos. "Nós vamos trabalhar para aumentar o valor do Plano Safra, e ele certamente exigirá uma equalização maior devido ao aumento da taxa Selic", disse.

Ele também destacou que espera uma redução dos juros nos próximos meses, impulsionada pela queda do dólar e pela diminuição da inflação dos alimentos.

*O repórter viajou a convite da Bayer.

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