EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313
GOV. MT 500X313
Logo Engie preto
btgpactual-advisors_fc7f32

Pânico global pode levar à disparada de preço do arroz, alerta especialista

Alimento básico para 3 bilhões de pessoas, cereal ainda tem preços estáveis enquanto trigo e milho batem recorde de alta com guerra na Ucrânia; segurança alimentar depende de reação dos países

Plantação de arroz no Vietnã, na Ásia: pânico global pode desencadear aumento de preço do alimento (Getty Images/Getty Images)

Plantação de arroz no Vietnã, na Ásia: pânico global pode desencadear aumento de preço do alimento (Getty Images/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 26 de maio de 2022 às 12h09.

Por Jasmine Ng

A crise alimentar mundial já é grave à medida que preços saltam e o protecionismo aumenta, mas há uma boa chance de os governos impedirem que piore ainda mais se seguirem uma lição da crise de 2008: não entrar em pânico.

Com um indicador de preços globais já em nível recorde após a invasão da Ucrânia pela Rússia, uma série de nações reduziu as exportações de trigo, açúcar a óleos de cozinha, exacerbando os riscos de segurança para o resto do mundo. O mau tempo também é uma preocupação. Mas enquanto trigo, milho e a soja dispararam, o arroz, um alimento básico para mais de 3 bilhões de pessoas, até agora tem se mantido mais estável.

Se as nações não entrarem em pânico ou começarem a acumular, podem impedir que a crise atual se torne uma repetição da de 2008, quando os preços do arroz dispararam e colocaram a segurança alimentar em risco, de acordo com Peter Timmer, professor emérito da Universidade de Harvard, que estuda segurança alimentar há décadas.

“A lição de 2008 é: não assuste o mercado”, disse Timmer, que trabalhou com governos asiáticos nas suas respostas políticas durante a crise alimentar de então. “Tenha cuidado com o que você faz nas importações de arroz, nas exportações, nos controles”, alertou.

Formuladores de políticas dos EUA à China lutam contra inflação elevada e desaceleração do crescimento, enquanto consumidores enfrentam custo de vida alto e a fome se espalha. O arroz - cerca de 90% do qual é produzido e consumido na Ásia - é uma das culturas mais importantes.

A crise de 2008 forneceu lições críticas, pois ressaltou como os choques comerciais impostos por governos podem sobrecarregar os preços das commodities.

A alta do arroz naquela época se deu principalmente por causa das proibições de exportações dos principais produtores, sobretudo Índia e Vietnã, devido à escassez doméstica e ao aumento de preços. Isso desencadeou a compra de pânico em outros países, especialmente nas Filipinas, criando um efeito cascata.

Existem algumas semelhanças hoje. Preços de energia crescentes, mau tempo e proibições de exportação contribuíram para a atual alta nos preços dos alimentos, assim como fizeram naquela época, embora a guerra na Ucrânia tenha acrescentado uma nova dimensão.

Este ano, com o aumento dos preços agrícolas, vários governos se mobilizaram para proteger seus próprios suprimentos: a Indonésia restringiu as exportações de óleo de palma, a Malásia proibiu os fluxos de frango, enquanto a Índia limita as vendas de trigo e açúcar.

Embora existam preocupações que o arroz pode ser o próximo, dado que é absolutamente crítico para a segurança alimentar e estabilidade política na Ásia, também há diferenças em relação a 2008. Timmer disse que os países diversificaram seus hábitos alimentares e acumularam enormes estoques em uma tentativa de evitar choques de preços.

LEIA MAIS:

 

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioCrise econômicaExame-AgroMilhoRússiaTrigoUcrânia

Mais de EXAME Agro

Dos Fiagros aos insumos: o que o pedido de RJ da Agrogalaxy pode representar para o agro

Como a agricultura regenerativa pode ajudar na descarbonização do planeta

Produção de etanol de milho deve atingir 15 bilhões de litros no Brasil até 2032, aponta Nature

La Niña deve chegar em outubro no Brasil; entenda o que é e como o país pode ser afetado