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Ovo mais barato? Entenda como a queda das exportações para os EUA pode baratear proteína no Brasil

Avaliação do Cepea é que equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno ditará os preços nos próximos meses

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 15h54.

Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 16h37.

O preço do ovo no Brasil pode registrar queda nos próximos meses, em meio à diminuição das exportações do produto, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O levantamento mostra que as exportações brasileiras de ovos caíram em agosto pelo segundo mês consecutivo, reflexo da tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros.

Além disso, o preço da proteína tem oscilado nos últimos meses.

Qual é o preço do ovo atualmente?

Na região de Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), referência para o mercado, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra foi vendida a R$ 146,67 na parcial de setembro (até o dia 15), queda de 5,3% em relação a agosto. Os valores, porém, representam alta de 22,2% em relação a setembro de 2024, em termos reais (dados deflacionados pelo IGP-DI de agosto de 2025).

O ovo vermelho teve queda de 4,35%, chegando a R$ 159,37 por caixa.

A pesquisa mostra que os preços tiveram alta no começo de agosto, impulsionados pelo retorno das aulas escolares e pelo consequente aumento da demanda. O cenário se reverteu no final da segunda quinzena do mês, principalmente devido ao enfraquecimento das vendas.

Assim, os valores já iniciaram setembro em patamares mais baixos. De modo geral, as vendas da proteína seguem em ritmo lento nesta primeira quinzena de setembro, mantendo os valores em níveis mais baixos, segundo os dados do Cepea.

A avaliação de Claudia Scarpelin, pesquisadora do Cepea, é que, para os próximos meses, o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno é o que irá ditar os preços. Ela afirma que, embora represente uma parcela pequena da produção nacional, o excedente que iria para o exterior volta para o mercado interno e pode reduzir os preços.

"Precisamos monitorar se essa retração nas exportações vai se manter ou até aumentar nos próximos meses, pois poderá, em um primeiro momento, pressionar os preços internos."

Nos últimos meses, o preço da proteína teve recuo no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o valor do ovo caiu 1,66%, enquanto o recuo foi de 2,43% em julho. A maior queda ocorreu em junho, de 6,58%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 9,09%.

Queda nas exportações

Em agosto, foram embarcadas 2.130 toneladas de ovos in natura e processados, volume 60% menor que o de julho, mas 72% superior ao mesmo período de 2024.

Os americanos lideravam como o principal destino da proteína brasileira desde março deste ano. O Japão tornou-se o principal destino da proteína nacional no último mês, comprando 578 toneladas de ovos, 29% mais que em julho.

Mesmo com a retração nos últimos dois meses, o desempenho da parcial deste ano segue positivo. De janeiro a agosto, o Brasil exportou cerca de 32,3 mil toneladas de ovos in natura e processados, quantidade 192,2% acima da de igual intervalo de 2024 e já superando em 75% o total embarcado em todo o ano passado. O Brasil exporta apenas 1% de todos os ovos produzidos.

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