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Os três C’s que prejudicaram o resultado da Boa Safra em 2024, segundo o CEO

Lucro líquido caiu 53,47% no ano passado, somando R$ 160,5 milhões, enquanto a margem EBITDA ajustada recuou para 9,96%

Para Colpo, o clima impactou principalmente a produção de sementes. A expectativa era colher 240 mil big bags, mas a produção final foi de 205 mil big bags. (Divulgação/Divulgação)

Para Colpo, o clima impactou principalmente a produção de sementes. A expectativa era colher 240 mil big bags, mas a produção final foi de 205 mil big bags. (Divulgação/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 25 de março de 2025 às 19h41.

Última atualização em 25 de março de 2025 às 19h45.

"O ano de 2024 não foi bom para a Boa Safra." Foi assim que Marino Colpo, CEO da empresa de sementes, iniciou a coletiva com jornalistas nesta terça-feira, 25, para apresentar os resultados financeiros do ano.

Segundo o executivo, a combinação de condições climáticas adversas, crédito restrito e custos elevados afetou a receita líquida da companhia, que caiu 11,43% em relação a 2023, totalizando R$ 1,841 bilhão.

O lucro líquido também registrou uma queda expressiva de 53,47%, somando R$ 160,5 milhões, enquanto a margem EBITDA ajustada caiu para 9,96%, refletindo o aumento nas despesas operacionais e de vendas.

Para Colpo, o clima impactou principalmente a produção de sementes. A expectativa era colher 240 mil big bags, mas a produção final foi de 205 mil big bags.

Em relação ao crédito, a empresa adotou uma postura mais cautelosa. A crise enfrentada por algumas das principais revendas do Brasil, com pedidos de recuperação judicial e fechamento de lojas, levou a Boa Safra a limitar a concessão de crédito.

"Realizamos algumas vendas para grandes empresas do setor de revendas e distribuidoras, mas restou estoque. Quando as sementes retornaram no terceiro trimestre, ajustamos os preços", disse Colpo. Tanto o CEO quanto o CFO, Felipe Pereira Marques, que também participou da coletiva, preferiram não divulgar os nomes das revendas envolvidas.

No quarto trimestre de 2024, a receita líquida da Boa Safra foi de R$ 956,9 milhões, um aumento de 13,8% em relação ao mesmo período de 2023, embora o lucro bruto tenha caído 29,18%, refletindo o impacto das adversidades climáticas no volume de produção. A carteira de pedidos para 2025 foi superior a do ano anterior, com destaque para a diversificação de receitas com novas culturas.

Apesar dos resultados abaixo das expectativas, Colpo acredita que a empresa demonstrou resiliência, registrando crescimento no volume de sementes tratadas, impulsionado pela inovação no portfólio, incluindo o lançamento da marca premium Avra Sementes, em parceria com a GDM, e a expansão da base de clientes.

Segundo o CEO, o lançamento da Avra ampliou a base de clientes e reduziu a dependência de grandes distribuidoras, permitindo a Boa Safra conquistar novos segmentos de mercado, especialmente em regiões-chave do Brasil.

Boa Safra em 2025

Apesar de um 2024 desafiador, Felipe Pereira Marques, CFO da companhia, acredita que "o pior momento do agro já passou", embora a empresa mantenha uma postura cautelosa em relação às revendas para 2025. A estratégia, segundo ele, é priorizar pequenos e médios revendedores, "que oferecem uma boa oportunidade de crescimento."

"A questão de frear o crédito é relativa. Acredito que seremos mais exigentes em relação às garantias, o que provavelmente restringirá o crédito para as grandes revendas. A ideia é continuar com uma postura restritiva, mas com garantias", afirmou o CEO, Marino Colpo.

Além disso, a empresa pretende fortalecer sua rede de distribuição e ajustar sua estratégia para garantir margens mais saudáveis e crescimento sustentável. As perspectivas para 2025, segundo os executivos, indicam um ano de recuperação, com foco na eficiência operacional e no aumento da presença em mercados-chave.

Colpo disse ainda que a empresa tem 1.300 lojas mapeadas para a venda de sementes, e a meta para 2025 é aumentar de 697 para 900 lojas atendidas.

"Esse é um passo importante para alcançar o forte crescimento que buscamos. Das lojas que atendemos, temos uma participação média de 22%. Ou seja, onde vendemos, nossa participação é de 22%, o que nos permite crescer tanto nas lojas que já atendemos quanto nas novas que vamos abrir", finaliza o CEO.

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