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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 15h46.
Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 16h03.
Se o clima colaborar, a SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de commodities do Brasil, deve alcançar uma recuperação significativa em 2025, afirma a equipe de analistas do Santander.
Em relatório publicado nesta terça-feira, 14, o banco manteve sua recomendação de compra para os papéis da companhia, apoiado na possibilidade de uma safra recorde de soja no Brasil na temporada 2024/25. Considerando o fechamento da segunda-feira, 13, e o preço-alvo de R$ 23, os analistas estimam um potencial de valorização de 34% para as ações da SLC.
O Santander projeta que a receita da SLC Agrícola, atualmente prevista em R$ 6,49 bilhões para 2024, deve crescer para R$ 7,35 bilhões em 2025. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), esperado para o período, também aponta para um avanço expressivo, com projeção de R$ 2,17 bilhões.
As previsões otimistas refletem expectativas positivas para todo o setor. O Brasil deve produzir 322,3 milhões de toneladas de grãos na safra atual, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Para a soja, a estimativa é de 166,33 milhões de toneladas, representando um aumento de 13% em relação à safra anterior. Já para o milho, as projeções indicam uma produção de 119,6 milhões de toneladas, um crescimento de 3,3% em comparação ao ciclo 2023/24.
Conforme o Santander, os dados da NASA reforçam que as condições climáticas devem favorecer o desenvolvimento das culturas, especialmente soja e milho.
"Os dados de satélites da NASA, que cobrem 600 mil hectares da área plantada da SLC Agrícola (80% do total), indicam que a umidade do solo se recuperou e está agora em linha com as médias históricas. Os dados sugerem um crescimento acelerado das culturas, permitindo que a SLC colha a primeira safra a tempo de plantar a segunda", afirmam os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata.
A indicação de que a SLC Agrícola terá tempo para o plantio da segunda safra é uma notícia promissora tanto para a companhia quanto para os agricultores. Isso ganha ainda mais relevância diante do receio de alguns produtores nesta temporada, que enfrentam o risco de atraso no plantio do milho, causado pela demora na semeadura da soja em alguns estados.
No ano passado, em algumas regiões, o plantio do grão foi adiado por causa da seca. Sem a umidade adequada no solo, as sementes de soja apresentam dificuldades para germinar, o que impacta o calendário da segunda safra.
Além da perspectiva de uma safra recorde, o relatório do Santander aponta que a SLC Agrícola continua investindo em uma estratégia de expansão baseada em novos arrendamentos de terras, o que consolida sua posição como uma opção defensiva no setor do agronegócio.
A empresa já arrendou fazendas em estados como Piauí, Mato Grosso, Bahia e Maranhão. Em agosto de 2023, a SLC arrendou uma fazenda de 14,6 mil hectares no Piauí, área que foi integrada à Fazenda Parnaguá e começou a operar já na safra atual.
“Mantemos nossas expectativas de que a SLC entregue rendimentos consistentes com seu guidance para a safra de 2024/25”, dizem os analistas.
Mesmo com as projeções otimistas, o relatório também destacou alguns riscos que podem impactar os resultados da SLC Agrícola. Entre eles, estão a retração do mercado de algodão na Ásia, principalmente na China, e os aumentos nos custos operacionais, que podem limitar os ganhos da companhia.
Um dos fatores destacados pelo Santander para a recuperação da SLC Agrícola em 2025 é a série de incentivos fiscais implementados pelos Estados Unidos, incluindo os Clean Fuels Production Credits. Recentemente, a gestão de Joe Biden divulgou uma orientação parcial sobre os créditos fiscais voltados para combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e biobunkers, sob a Seção 45Z.
Na avaliação do Santander, os créditos provavelmente beneficiarão os produtores de biocombustíveis nos EUA, reduzindo a dependência de importações de óleo de cozinha usado e aumentando a demanda por óleo de soja e etanol de milho produzidos internamente.
“Vemos esse guidance como um catalisador positivo para os preços das commodities, com o consumo previsto para aumentar entre 2025 e 2027. Esse desenvolvimento favorece as duas maiores culturas da SLC — soja e milho — e apresenta um potencial de alta para nossas estimativas”, afirmam os analistas.
Os créditos, que integram políticas voltadas para a sustentabilidade energética e a redução de emissões de carbono, incentivam a produção de biocombustíveis como biodiesel, etanol e SAF.
Com essas medidas, o Santander projeta um aumento na demanda por matérias-primas agrícolas, como soja e milho, que são essenciais na fabricação desses combustíveis. O movimento deve impulsionar os preços das commodities agrícolas, gerando um impacto positivo nos resultados financeiros da SLC Agrícola nos próximos anos.