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drone quad copter with high resolution digital camera on green corn field, agro (Freepik/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 7 de dezembro de 2024 às 06h10.
Por Wellington Silvério*
O conhecimento agrícola tem se unido ao uso de ferramentas como inteligência artificial, internet das coisas (IoT), automação, machine learning, análise de dados e telemetria para tornar o cultivo muito mais produtivo, rentável e sustentável.
Esse novo contexto, que diversas áreas da economia estão passando, impulsiona o agronegócio para uma revolução digital.
Um dos efeitos dessa revolução é a ampliação do perfil do profissional que passou a atuar em empresas do agronegócio: seja no campo ou nos escritórios, desenvolvendo novas soluções a partir dos dados gerados pelas máquinas.
Cada vez mais, além de agrônomos e engenheiros agrícolas, o setor demanda talentos especializados em diferentes frentes de tecnologia a fim de colocar em prática toda a inovação que vem sendo desenvolvida.
É o que aponta a pesquisa “Caminhos da Tecnologia no Agronegócio”, divulgada este ano pela SAE Brasil em parceria com a KPMG. Segundo o levantamento, 91% dos produtores fazem uso de GPS, seguidos por 85% que utilizam aplicativos de gestão financeira, 76% que consultam imagens de satélite e aplicativos de gestão agronômica, e 70% que colocam em prática soluções de agricultura de precisão.
Com isso, o perfil do profissional que trabalha no agro passou por uma atualização.
A busca por talentos, que até pouco tempo atrás se restringia às áreas de agronomia e administração, passou a contemplar profissionais especializados em ciências da computação, sistemas de informação, análise de dados e big data, engenharia de sistemas e automação, cibersegurança e desenvolvimento de aplicativos móveis e web — um dos sintomas desse movimento é o surgimento do curso de engenharia agronômica com ênfase em tecnologia.
Se o campo se aproxima da tecnologia, o contrário também ocorre: os profissionais do setor também têm procurado entender melhor o agro a fim de aproveitar melhor as oportunidades que o setor oferece e desenvolver soluções adequadas.
Isso envolve se aprofundar em questões desde métodos de cultivo e manejo até atividades administrativas de uma propriedade, como planejamento de sucessão familiar.
Além disso, é necessário adequar-se a outro tipo de ciclo, a fim de acompanhar o calendário agrícola e as
instabilidades da natureza.
Um ótimo exemplo dessa junção entre o tradicional e o disruptivo é a John Deere. Maior fabricante de equipamentos agrícolas do mundo, a companhia foi fundada há mais de 187 anos, mas soube adequar-se com propriedade aos novos tempos e inserir em seu portfólio soluções com altas doses de tecnologia.
Para fazer frente à demanda por inovação no campo, a empresa conta hoje com aproximadamente 600 profissionais de Tecnologia da Informação — com o objetivo de chegar a mil nos próximos dois anos.
A ampliação da equipe de TI tem permitido uma melhor integração de tecnologias, resultando em processos mais eficientes, redução de custos operacionais e melhorias na tomada de decisões baseada em dados.
Além disso, essas áreas trabalham em resiliência tecnológica na infraestrutura da empresa, investindo
em segurança para proteção e prevenção de ataques cibernéticos.
A combinação dos profissionais de tecnologia com os especialistas em agronomia tem resultado no desenvolvimento de softwares de gestão agrícola e sistemas de monitoramento em tempo real, que auxiliam no aumento de produtividade da operação.
Somado a isso, a implementação de big data e inteligência artificial proporcionaram uma análise de dados mais avançada, levando a identificação de padrões e insights.
A inovação se tornou uma grande aliada dos agricultores para que eles possam obter a máxima produtividade da lavoura, de forma sustentável, e ainda realizar o gerenciamento da fazenda em tempo real.
O produtor que investe em modernização, independentemente do seu porte e conhecendo a sua realidade, sabe o retorno que isso gera.
O levantamento da SAE Brasil com a KPMG também comprovou essa crescente percepção em relação aos benefícios da adoção de novas tecnologias. Cerca de 44% dos respondentes reconhecem
que a implementação dessas soluções resulta em melhor performance, ganhos de produtividade e redução de custos.
A transformação do agronegócio não é somente na adoção de novas tecnologias, mas na retenção de novos tipos de talentos que auxiliem no desenvolvimento dessas ferramentas que tornam a produção agrícola mais produtiva e sustentável.
Profissionais das áreas de TI são cada vez mais uma parte fundamental do setor, contribuindo com a democratização da inovação. A diversidade é a semente da modernização necessária para todos os negócios, uma equipe plural traz novos olhares, experiências e conhecimentos.
*Wellington Silvério é diretor de Recursos Humanos da John Deere para América Latina