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Opinião: Impactos da Lei do Combustível do Futuro vão muito além do agro, energia e transportes

Nova legislação representa um grande avanço a favor da economia de baixo carbono

Biocombustível

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 11h37.

*Por Adilson Martins, Guilherme Lockmann e Paulo de Tarso

A Lei do Combustível do Futuro impulsiona uma nova era de transição energética para o Brasil. Sancionada em outubro, ela trata de incentivos para a substituição de combustíveis fósseis por renováveis e limpos, em diversos setores de negócios, como por exemplo os de transportes terrestres, marítimos e aéreos, que ainda são dependentes do petróleo e de seus derivados.

A nova legislação aposta no combustível verde, no biometano e no combustível sustentável para a aviação, além de aumentar o percentual de mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel. Esta transformação representa um grande avanço a favor da economia de baixo carbono.

O impacto dessa lei é imenso, e os setores com maior impacto serão os de agronegócio, energia e transporte. Para o agronegócio, essa mudança traz um novo papel estratégico. A produção de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, ganha ainda mais relevância, uma vez que o Brasil possui o maior potencial do mundo para ampliar sua produção.

O aumento da demanda por essas fontes renováveis coloca o país em uma posição privilegiada no cenário global, não apenas como um grande produtor de alimentos, mas também como fornecedor estratégico de matérias-primas essenciais para a descarbonização.

O agronegócio, que sempre teve um papel importante na economia brasileira, agora se torna ainda mais vital para o futuro sustentável, ao mesmo tempo em que reforça o compromisso do Brasil com a luta contra as mudanças climáticas.

O Brasil, portanto, não está apenas acompanhando a tendência global, mas se posicionando para liderar esse movimento de transição energética.

O país, que já é um dos maiores produtores e exportadores de biocombustíveis, agora se torna uma peça-chave em um dos maiores programas de descarbonização e mobilidade sustentável do mundo. Isso permite trazer o Brasil como protagonista em um cenário global, onde a competição pela liderança em energias limpas e renováveis está cada vez mais acirrada.

A nova legislação vai além das mudanças nos combustíveis. Ela também promove a integração de diversas políticas públicas que já existem no Brasil, ampliando a convergência entre as necessidades de mobilidade e os objetivos ambientais.

A lei do combustível do futuro visa transformar não só os transportes, mas também as práticas agrícolas e industriais do Brasil, tornando-as mais limpas e eficientes.

Uma das medidas mais significativas é o aumento gradual dos percentuais de mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel, o que reforça o compromisso com a redução de emissões de gases de efeito estufa, impulsionando a adoção de alternativas que envolvem o uso de matérias-primas renováveis.

Em relação aos desafios dessa transformação, o cenário não é simples. A implementação da Lei do Combustível do Futuro envolve questões econômicas e operacionais que exigem uma adaptação rápida e eficiente dos setores envolvidos.

A produção e o uso de biocombustíveis exigem novos investimentos em tecnologia, inovação e infraestrutura.

A competitividade do Brasil no mercado global de energia renovável dependerá da capacidade do país de produzir biocombustíveis com eficiência, ao mesmo tempo em que garante uma cadeia de produção que atenda aos padrões de sustentabilidade exigidos no mercado internacional.

O Brasil precisa estar pronto para atender a essa demanda crescente, não só garantindo uma oferta de biocombustíveis de qualidade, mas também integrando soluções inovadoras para viabilizar essa transição de forma econômica e operacionalmente viável.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) também assume um papel de grande importância. Ele é responsável por coordenar e alinhar as metas de biocombustíveis e outras energias renováveis às diretrizes nacionais, sempre com um foco na competitividade do Brasil no mercado global.

A implementação dessas metas requer uma coordenação eficiente entre o setor público e privado, garantindo que as ações tomadas não apenas alcancem os objetivos ambientais, mas também atendam às necessidades econômicas e sociais do país.

A transição energética não será um processo rápido, mas se houver um alinhamento estratégico entre setores, o Brasil pode se consolidar como uma potência global em energias renováveis.

A indústria de bens de consumo, por sua vez, também verá grandes mudanças. A adaptação às novas exigências por produtos mais sustentáveis será um dos maiores desafios.

Com a crescente demanda por alternativas que reduzam os impactos ambientais, as empresas precisarão revisar suas cadeias produtivas e logísticas para atender às novas exigências regulatórias.

Para isso, ao invés de ser um fardo, essa adaptação pode ser uma grande oportunidade de reposicionar a indústria brasileira, ampliando sua competitividade em mercados cada vez mais exigentes e conscientes dos impactos ambientais.

O ponto central de toda essa mudança é a transição para uma economia de baixo carbono. Esse é o desafio e a grande oportunidade.

O Brasil tem todas as condições para se tornar um líder global nessa transição, mas isso só será possível com a colaboração de todos os setores envolvidos. A inovação, a adaptação tecnológica e a melhoria da infraestrutura serão fundamentais para que o Brasil consiga não apenas se adaptar às novas exigências, mas também aproveitar as oportunidades que surgem com essa mudança.

A transformação que a Lei do Combustível do Futuro propõe é grande, mas o momento de agir é agora. O Brasil já deu o primeiro passo, e a jornada para um futuro mais sustentável só pode avançar com a união de esforços em direção a um objetivo comum: um país mais limpo, mais competitivo e mais preparado para enfrentar os desafios globais da transição energética.

A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma questão de regulamentação, mas sim uma verdadeira transformação na maneira como o país lida com seus recursos naturais e como se posiciona no cenário internacional.

Se houver alinhamento, comprometimento, inovação e adaptação, o Brasil tem o potencial de liderar essa mudança de forma exemplar, sendo um farol para outros países que também buscam soluções sustentáveis para seus desafios energéticos.

*Adilson Martins é sócio-líder de Agronegócio da Deloitte, Guilherme Lockmann é sócio-líder para Sustentabilidade e o segmento de Power, Utilities & Renewables da Deloitte, Paulo de Tarso é sócio-líder de Consumer e Agronegócio da Deloitte.

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