EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313
GOV. MT 500X313
Logo Engie preto
btgpactual-advisors_fc7f32

O que uma startup de Singapura, o café brasileiro e gigantes da agroindústria têm em comum

ProfilePrint chega ao Brasil com a promessa de agilizar análises de grãos por meio da inteligência artificial e atrai investidores como Louis Dreyfus e Olam

Alan Lai, CEO e fundador da ProfilePrint: empresa faz análise de originização de grãos por 15 dólares e em até um dia (Alan Lai, CEO da ProfilePrint (Crédito Iara Morselli)/Divulgação)

Alan Lai, CEO e fundador da ProfilePrint: empresa faz análise de originização de grãos por 15 dólares e em até um dia (Alan Lai, CEO da ProfilePrint (Crédito Iara Morselli)/Divulgação)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 16 de março de 2023 às 07h44.

Do cafezal ao pacote de café, há uma série de exigências sobre rastreabilidade, incluindo a etapa de originação dos grãos. De onde vem o café? Em qual atitude ele foi plantado? Quais as características do café, como teores de açúcar e acidez? Estas são algumas das perguntas que uma análise de grãos em laboratório responde. E todo café que segue para uma trader ou uma indústria passa por essa avaliação para comprovar que atende às exigências dos compradores. 

Utilizando modelos de inteligência artificial, a startup de Singapura Profile Print propõe reduzir o custo de análise para cada amostra de café e tornar o processo mais ágil. Alan Lai, CEO e fundador da ProfilePrint, diz em entrevista à EXAME que uma análise de amostra custa entre 50 e 60 dólares, cujo resultado leva duas semanas para sair. A máquina desenvolvida na Ásia reduz o custo para 15 dólares -- e o resultado sai no mesmo dia, ou na mesma hora a depender do volume de dados analisados.  

Com uma porção de café verde na palma da mão, Lai insere os grãos em uma espécie de gaveta e em pouco tempo um dispositivo conectado ao computador já dá todo o diagnóstico. O mesmo processo se aplica às sementes do cacau, algo que chamou a atenção das gigantes da indústria de alimentos.

Louis Dreyfus, Olam Agrícola e Sucafina Brasil assinaram contratos com a startup em fevereiro, fazendo parte do grupo de investidores que inclui Cargill e Sinar Mas -- um dos maiores conglomerados da Indonésia. Isso mostra a importância de haver mais precisão na análise dos grãos, além da demanda por soluções inovadoras.  

Qual a importância do café brasileiro no mundo? 

As exportações brasileiras de café cresceram 46,9% em 2022, batendo recorde de receita ao atingir US$ 9,2 bilhões, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Com esta receita, o café respondeu por 2,8% das exportações brasileiras no ano e 5,8% das exportações do agronegócio nacional.

O volume da indústria cafeeira nacional é enorme: ao menos uma a cada três xícaras de café consumidas no mundo teve matéria-prima brasileira, segundo levantamento da Organização Internacional do Café (OIC).  

Com tamanho volume e importância, Alan Lai, CEO da ProfilePrint, vê espaço para que o Brasil seja “o mercado que cresça mais rápido para a empresa por conta da atuação em café e a adoção de muita tecnologia no campo”. 

O negócio segue um modelo de assinatura, cujo valor é de 400 dólares por mês pelo serviço, o que inclui a máquina e a geração dos dados.  

A tecnologia de Singapura também pode ser adquirida pelos próprios produtores de café, comenta o CEO da ProfilePrint. Além de avaliar a qualidade da safra quase que em tempo real, a rastreabilidade é um meio de “obter um preço de venda mais justo com os compradores, principalmente aos grãos especiais”. 

Como a empresa chegou ao Brasil?

Fundada em 2017, com sede em Singapura, a empresa nasceu a partir da oportunidade de mercado vista por Alan Lai. "É um movimento global saber mais sobre o que consumimos, vejo consumidores interessados na origem do alimento em todo o mundo", conta o CEO. Assim, a empresa não apenas atende à cadeia de café e cacau, mas também pimentas, chás, especiarias, arroz e outros ingredientes usados pela indústria alimentícia.

Experiente no ramo de fintech para fundos de private equity, o investidor enxergou na agricultura uma forma de atender a uma cadeia completa, "do produtor ao barista". Além disso, como ele diz, esta variedade de matérias-primas é encontrada no Brasil. Por isso, a vinda para cá já era esperada e ele conta ter feito questão de visitar fazendas e conversar com produtores, traders e compradores.

"Outros mercados de café também estão no nosso radar. Austrália, por exemplo, é um mercado importante, mas menor. Quando olhamos para área e produtividade, olhamos para América do Sul e principalmente para o Brasil", afirma o CEO.

Café e mercado de carbono 

Empolgado ao contar sobre a empresa, Alan Lai diz que prevê crescimento de 300% em 2023, mas não esclarece qual o comparativo. Ainda assim, parte deste otimismo também está na oportunidade com o mercado de carbono. A tese dele é de que este mercado deva crescer no Brasil e no mundo, se tornando realidade para cafeicultores, à medida que a cultura vem se prejudicando com o avanço das mudanças climáticas. 

Ao saber o nível de emissão gerada pelos cafezais, é possível fazer correções, como manejo de solo e aplicações de insumos mais precisas. Assim, não apenas o produtor mas todos os stakeholders envolvidos contribuem para a descarbonização da cadeia produtiva. “A pegada de carbono da cadeia de alimentos será significativamente reduzida”, comenta o CEO.

Acompanhe tudo sobre:Exame-AgroInteligência artificialCaféLouis Dreyfus

Mais de EXAME Agro

Como a agricultura regenerativa pode ajudar na descarbonização do planeta

Produção de etanol de milho deve atingir 15 bilhões de litros no Brasil até 2032, aponta Nature

La Niña deve chegar em outubro no Brasil; entenda o que é e como o país pode ser afetado

Após renúncia de executivos, Agrogalaxy entra com pedido de recuperação judicial