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O que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pensa sobre a Embrapa

Em entrevista à EXAME Agro, Fávaro ressalta a inclusão da Embrapa no PAC após “desestímulo nos últimos anos”

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura: "depois de 10 anos a Embrapa volta a fazer parte do PAC" (Nadja Kouchi/Reprodução)

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura: "depois de 10 anos a Embrapa volta a fazer parte do PAC" (Nadja Kouchi/Reprodução)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 13h34.

Em 2023, a comemoração dos 50 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acendeu também um questionamento: qual o futuro do órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária? Em entrevista à EXAME Agro, o ministro Carlos Fávaro responde que é preciso modernização após orçamento enxuto e “desestímulo nos últimos anos”.

Ele concorda que a parceria com a iniciativa privada seja importante para pesquisas rapidamente viáveis, mas “sem perder a sua essência pública de pertencimento ao povo brasileiro”. Leia trecho da entrevista abaixo e confira a conversa na edição de dezembro da revista EXAME.

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Há algumas décadas, agrônomos tinham como sonho ser pesquisador da Embrapa. Hoje em dia, essa vontade de pertencer não se vê nos campos. Por que isso aconteceu?

É verdade, há uns poucos românticos. Certamente a Embrapa tem um papel brilhante nessa revolução brasileira, cuja grande revolução foi principalmente por meio do uso de calcário, pedra moída, para estabilizar e tirar a acidez dos solos do Cerrado. A iniciativa privada certamente não faria isso. É o poder público que fez isso com muita eficiência. Mas houve um completo desestímulo nos últimos anos, ao ponto da política do ex-ministro Paulo Guedes apontar que quem quisesse a Embrapa que contratasse, pois ela não deveria mais receber dinheiro público.

Qual a sua opinião?

Hoje temos 43 unidades, entre sete e oito mil colaboradores e 2.200 doutores. Aquilo que for viável rapidamente ao mercado, ele vai bancar a Embrapa para pesquisar, porém aquilo que está na essência do pesquisador, estudo a longo prazo, precisa ser estimulado pelo poder público. Se o pesquisador achar uma nova revolução muito barata, muito eficiente, quem vai ganhar são aos brasileiros.

Para isso, é preciso orçamento. Para esse ano, foram R$ 345 milhões para pesquisa e se fala em R$ 520 milhões para o ano que vem.

O presidente Lula tem essa compreensão, tanto é que depois de 10 anos a Embrapa volta a fazer parte do PAC, a ter investimentos em infraestrutura e melhorias das suas condições. A Embrapa voltou a ter dinheiro desde esse ano e vai ter mais o ano que vem, investimentos em pesquisa. Não que ela não possa e não deva fazer parcerias com a iniciativa privada. Pode e deve, mas ela precisa se modernizar sem perder a sua essência pública de pertencimento ao povo brasileiro.

Qual a Embrapa pensada para os próximos 50 anos?

Para que a gente possa discutir isso, o Ministério da Agricultura entregou um diagnóstico ao presidente Lula e à nova diretoria, com mudanças para que ela se torne mais ágil, mais eficiente, e novamente, dar ao pesquisador o estímulo de pesquisar. É inacreditável a Embrapa, que tem um orçamento de 4 bilhões por ano, receber algo em torno de 40 milhões de propriedade intelectual por aquilo que desenvolveu.

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Investir em extensão rural também faz parte desse futuro?

Eu ouvi de um diplomata que veio me visitar, ao pedir cooperação da Embrapa para transferir tecnologia, que ciência é igual carinho. Não adianta guardar. Só é bom quando a gente externaliza. Quando a gente externaliza a ciência, ela se reproduz. Nós temos aí um gap de fazer chegar tudo aquilo que a Embrapa tem na prateleira. Ainda tem muitos pequenos produtores que não recebem as tecnologias que já estão disponíveis para eles. Então, o avanço na extensão rural, talvez com o Sistema S e o Senar como grande parceiro na disseminação das tecnologias, é fundamental, além das Ematers [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural].

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