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Segurança alimentar, segurança de alimentos, sistema alimentar: o que significam esses termos?

Embora sejam semelhantes e estejam conectados, esses conceitos, que estão em alta nos noticiários, têm definições distintas; entenda o que é cada um

A produção de alimentos para um mundo com cada vez mais gente é um desafio global (Xavier Lorenzo/Getty Images)

A produção de alimentos para um mundo com cada vez mais gente é um desafio global (Xavier Lorenzo/Getty Images)

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Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 08h00.

A produção e o consumo de alimentos estão no centro da discussão sobre o futuro da humanidade. Especialmente diante da projeção desafiadora de que, em 2050, a demanda global por alimentos aumente mais de 50%, ao mesmo tempo em que, em decorrência das mudanças climáticas, as principais colheitas diminuam no mesmo período. 

No debate sobre como solucionar essa desafiadora equação, termos como segurança alimentar ou sistemas alimentares são mencionados a todo momento. Mas conceitos como esses nem sempre são facilmente compreendidos e muitas vezes, inclusive, se confundem pelos nomes semelhantes. EXAME selecionou cinco deles para esclarecer do que se tratam.

Segurança alimentar

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), segurança alimentar e nutricional (SAN) é quando todas as pessoas têm acesso regular a alimentos de qualidade, seguros, nutritivos, em quantidade suficiente, que satisfaçam suas necessidades e preferências alimentares para uma vida saudável e ativa. 

Trata-se de um tema multisetorial, que engloba muito mais do que a produção agrícola e alimentar isoladamente. Inclui aspectos como distribuição, preparação, processamento, armazenamento, poder de compra das famílias, entre outros. 

Também abrange a necessidade de um abastecimento contínuo de alimentos, considerando situações imprevistas como falhas nas colheitas e instabilidade econômica e política, e está relacionado tanto à produção doméstica de alimentos quanto à capacidade de importar para atender as demandas da população. 

Por tudo isso, garantir a segurança alimentar e nutricional é um assunto não só de indivíduos e famílias, mas de nações e de toda a comunidade internacional. 

Insegurança alimentar

Quando a SAN não é garantida integralmente, ocorre a insegurança alimentar e nutricional, que pode ser causada por questões como degradação dos solos, escassez de água, poluição atmosférica, mudanças climáticas, explosão demográfica, crises econômicas e problemas de governança.

A questão não se resume à disponibilidade dos alimentos, já que o problema é o mesmo em países onde os alimentos são abundantes. No Brasil, por exemplo, embora seja um dos maiores produtores de alimentos do mundo, a insegurança alimentar atinge uma parcela considerável da população.

Conforme relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2022 mais de 70 milhões de brasileiros foram obrigados a reduzir a qualidade ou a quantidade dos alimentos que consumiam, ou mesmo ficaram sem comer ou passaram fome, situações que representam insegurança alimentar em níveis moderado e grave. 

Segurança de alimentos

Vinda da expressão em inglês Food Safety, a segurança de alimentos é a garantia da qualidade dos alimentos vendidos. Ou seja, de que são saudáveis, sem contaminantes químicos, biológicos e físicos e de que não causarão danos à saúde do consumidor quando forem ingeridos. 

O conceito envolve desde as etapas de produção até o consumo e está relacionado não só a alimentos, mas também a bebidas, ingredientes, matérias-primas, aditivos, materiais em contato com alimentos, rotulagem e tudo mais que integra a cadeia de suprimentos.

Trata-se de uma prioridade de saúde pública em escala global, já que o consumo de alimentos inseguros é uma ameaça ao bem-estar de todos. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que 420 mil pessoas no mundo morrem a cada ano por ingerir alimentos contaminados e 600 milhões adoecem por esse motivo.

Além disso, segundo o Banco Mundial, as doenças transmitidas por alimentos custam US$ 7,4 milhões por ano em perda de produtividade da sociedade. A situação sobrecarrega os sistemas de saúde e reduz o desenvolvimento, uma vez que há, por exemplo, perda de confiança em um turismo seguro e no sistema de comercialização.

Sistema alimentar

Um complexo conjunto de atividades, o sistema alimentar são todos os processos, atores e infraestrutura envolvidos na alimentação da população, desde o campo até o consumo final dos indivíduos. 

Muito além da produção de alimentos, refere-se também a uma série de outros elementos interligados, como uso de recursos naturais, leis e regulamentações, processamento, distribuição, governança, sustentabilidade (ambiental, social e econômica), preparo, consumo e até gestão dos resíduos gerados por cada uma dessas atividades.

Apesar de essa não ser ainda a realidade na prática, a definição da FAO, em um mundo ideal todos os sistemas alimentares seriam “resistentes, inclusivos e sustentáveis, produzindo alimentos seguros e nutritivos suficientes para atender às necessidades de todos para uma vida ativa e saudável”. 

Tecnologia de alimentos

De acordo com a Embrapa, a tecnologia de alimentos é essencialmente a união de técnicas e conhecimentos baseados em princípios científicos voltados para a conservação dos alimentos. Seu objetivo principal é estender o tempo de vida útil dos produtos para que não percam qualidade até chegar à mesa das pessoas. 

Crucial para garantir o abastecimento regular da população e de forma segura (ou seja, para a segurança alimentar e a segurança de alimentos), está presente em todas as operações da indústria alimentícia, desde a seleção da matéria-prima, passando pelo processamento e armazenamento, até a logística de distribuição. 

É ainda papel desse campo do conhecimento o preparo de produtos para indivíduos com necessidades nutritivas especiais como celíacos, diabéticos, crianças e idosos.

Embora pareça um termo moderno, a utilização de técnicas para conservação de alimentos é muito antiga. O clássico hábito de salgar alimentos para conservá-los por meio da eliminação da água, por exemplo, já podia ser considerada uma prática da tecnologia de alimentos.

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