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O que é erosão e como ela pode impactar na economia do agro?

Os danos de processos erosivos podem prejudicar não só a atividade rural a curto prazo, mas também trazer impactos para sustentabilidade a longo prazo.

Erosão: fenômeno pode afetar o agronegócio (Paulo Fridman/Bloomberg)

Erosão: fenômeno pode afetar o agronegócio (Paulo Fridman/Bloomberg)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 1 de setembro de 2023 às 15h51.

Última atualização em 1 de setembro de 2023 às 15h52.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta, em um estudo, que um terço do solo mundial está degradado. Além disso, o processo de erosão do solo pode provocar uma perda de até 10% na produção agrícola até 2050. O objetivo é conscientizar sobre a dimensão desse problema para um dos setores mais importantes da economia mundial: o agro.

No Brasil, segundo mapeamento do MapBiomas, o país mantém no solo o equivalente a 70 anos de emissões de dióxido de carbono (CO₂), ajudando a minimizar a emissão na atmosfera. Por isso, a preservação do solo, buscando evitar erosões, deve ser realizada não só visando maior produtividade, mas também a sustentabilidade.

O impacto dos processos de erosão poderá ser sentido em diversas frentes nos próximos anos, e, por isso, os principais órgãos de pesquisa do mundo alertam sobre o assunto.

O que é erosão?

A erosão é um processo de desgaste da superfície terrestre, levando um volume de terra para outra região. Pode ser um processo natural, causado pelo impacto de intempéries (como chuvas, ventos, granizo), água corrente ou outros agentes geológicos. Ela varia de acordo também com as características físicas, químicas e biológicas da região.

Contudo, a ação humana é capaz de intensificá-la, impedindo a recuperação em tempo hábil, gerando uma degradação acentuada do solo. Os danos, nesse caso, podem ser permanentes até que seja feita uma ação de recuperação.

Quais são as causas da erosão

A erosão é um processo de desgaste natural. Contudo, algumas ações a potencializam, gerando um processo irreversível de degradação do solo em algumas regiões.

Algumas das principais causas derivadas de ações humanas são:

  • Uso de defensivos agrícolas e adubos químicos;
  • Desmatamento;
  • Queimadas;
  • Plantio em terreno acidentado (local íngreme);
  • Monocultura;
  • Aumento das áreas destinadas para pastagem;
  • Modificações que alterem a permeabilidade do solo, entre outras.

Consequências da erosão do solo

A erosão no solo pode provocar impactos significativos não só na economia, prejudicando a agricultura, mas também em todo o ecossistema mundial. A biodiversidade global depende de solos saudáveis para sua sobrevivência.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), esse é um ponto-chave tanto no enfrentamento dos problemas relacionados com a crise climática quanto na garantia de segurança alimentar para a população mundial, já que 95% da produção de alimentos depende de terra saudável.

A instituição reforça que os solos são o maior reservatório de carbono do mundo e, portanto, cumprem um papel importante na regulação do clima. Quanto mais ele é degradado, maior é a concentração do gás liberado na atmosfera. E, segundo o relatório “O Estado da Terra e dos Recursos Hídricos para a Alimentação e a Agricultura”, o tripé solo-terra-água está em ponto de ruptura no momento.

Diante do impacto da erosão do solo, esse é um tema bastante monitorado pelos institutos de pesquisa. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) realiza estudos para acompanhar os processos erosivos em todo o país.

Em 2020, um estudo inédito da instituição identificou e mapeou as áreas que são mais vulneráveis aos processos de erosão hídrica e disponibilizou, de forma pública, na plataforma do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos).

O objetivo é permitir a avaliação de práticas que possam ajudar na prevenção e mitigação do problema de erosão, diante dos impactos financeiros e ambientais que a questão proporciona.

Outros impactos que podem ocorrer são:

  • Contaminação de rios e lagos;
  • Morte de espécies de animais e plantas na região;
  • Redução da produtividade a, até mesmo, tornar o solo infértil na região;
  • Tornar a região árida;
  • Aumento de problemas derivados de questões climáticas (como maior índice de alagamentos naquela região).

Impacto econômico na agricultura

Para os produtores rurais, o impacto das erosões na agricultura provoca prejuízos graves na produtividade. Por exemplo, um alto processo de degradação diminui a capacidade de recuperação do solo entre safras, atrapalhando a continuidade das culturas.

Além disso, pode alterar as características do solo na região, pelo deslocamento de sedimentos de um ponto a outro. Ao longo do tempo, por exemplo, a terra na propriedade ficaria mais alcalina do que era anteriormente.

Em locais que utilizam leitos de rios no abastecimento local, isso também pode ser afetado devido ao assoreamento, quando há a migração da margem para dentro do leito do rio, devido ao acúmulo de sedimentos.

Um estudo publicado pela Embrapa em 2019 estimava uma perda anual de solo fértil de 1,18 bilhão de toneladas devido à erosão hídrica. Para recomposição, o custo anual era estimado em US$ 5,2 bilhões.

Outras consequências são:

  • Aumento de alagamentos e enchentes no local;
  • Infertilidade permanente do solo;
  • Redução da fertilidade, reduzindo a produtividade;
  • Contaminação da água local, não podendo ser utilizada para consumo.

Erosão e sustentabilidade

Além da questão da produtividade, a erosão também impacta o desenvolvimento sustentável. A redução da estabilidade do solo, agravada pela ação humana, prejudica o ecossistema global, bem como a alimentação de milhões de pessoas.

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), a junção dos danos da poluição com a degradação do solo afeta, hoje, pelo menos 3,2 bilhões de pessoas, aproximadamente 40% da população e pode impactar metade do PIB global.

O relatório “Global Land Outlook” aponta as principais medidas indicadas pelos pesquisadores sobre o tema para frear os avanços da degradação do solo e adotar medidas mais sustentáveis. Isso passa tanto por políticas públicas quanto, também, pelo reflorestamento e medidas de mitigação que devem ser adotadas pelos produtores rurais.

Com a restauração, segundo o relatório, seria possível aumentar entre 5% a 10% a produtividade nas atividades agro em países em desenvolvimento, incluindo a América Latina. Também aumentaria a capacidade de retenção de águas de chuvas e diminuiria a perda de biodiversidade, além de evitar a liberação de 83 gigatoneladas de carbono na atmosfera.

Na esfera micro, para os produtores rurais, a Embrapa auxilia com a adoção do Sistema de Plantio Direto, que permite diminuir em até 95% as chances de erosão, quando aplicados da forma adequada. Esse é um sistema no qual a semeadura é feita no solo sem uso de aração ou gradagem niveladora, por meio de semeadeiras especiais.

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